AS ORAÇÕES DO MISSAL ROMANO
EM TEMPOS DE CALAMIDADES
Ms. Dom Aloísio Alberto Dilli*
DOI: https://doi.org/10.52451/teopraxis.v37i129.11
Recebido: 18 de fevereiro de 2019 | Aprovado: 07 de maio de 2019
Resumo:
Caros leitores. Foi-nos solicitado um artigo, dentro do contexto
da pandemia da covid-19, sobre o sentido das orações do Missal Romano,
ligadas às calamidades, e se elas continuarão no novo missal (3ª edição pós-
conciliar), que todos aguardamos. Tentando contribuir para esta reflexão,
inicialmente pretendemos analisar alguns desafios que o tempo da pandemia
nos coloca e que esperam por respostas criativas e sábias em vista da vivência
de nossa fé e sua expressão na liturgia oficial e em outras formas de encontro
com o Senhor e os irmãos, sobretudo em tempos de exceção. A seguir,
dedicaremos atenção aos textos propostos pela Igreja
em tempo de guerra ou
calamidade
, sem deixar de analisar o novo texto emitido, recentemente, pela
Santa Sé:
Missa em Tempo de Pandemia
. Também apresentaremos algumas
linhas sobre a preparação do
Novo Missal Romano
e, finalmente, partilhamos
uma oração pessoal que foi composta durante a pandemia.
Palavras-chave:
Novo Missal Romano. Liturgia. Missa em tempos de
pandemia. Oração.
1 Desafios à liturgia em tempos de pandemia
A experiência de reclusão em nossas casas, diante da
presença do Coronavírus Covid-19, desafiou-nos a descobrir
novas maneiras de convivência humana, em muitos aspectos da
vida, como aconteceu com as celebrações comunitárias em
nossos templos. As dificuldades de nos reunirmos nas igrejas fez
valorizar mais a presença do Senhor entre nós por outras formas
* Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul/RS. Mestre em Liturgia pelo Pontifício
Instituto Litúrgico Santo Anselmo, em Roma. Membro da Comissão Episcopal
para os Textos Litúrgicos (Cetel) da CNBB. Bispo referencial da Liturgia da
CNBB Sul 3. Email: d.aloisio@yahoo.com.br
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e expressões, especialmente, quando nos reunimos em seu amor,
como pequenos grupos orantes:
Onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles
(Mt 18,20).
Sempre é tão confortante, quando professamos:
Ele está no
meio de nós!
. Essa realidade torna-se também viva quando
oramos em nossas casas, em contexto familiar, como Igreja
doméstica.
Começamos também a perceber mais a presença do Senhor
na caridade com os irmãos, sobretudo os mais necessitados:
Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos que são
meus irmãos, foi a mim que o fizestes
(Mt 25,40). Na mesma
linha foi o pedido do Papa Francisco:
A hóstia consagrada
contém a pessoa de Cristo. Por isso somos chamados a buscá-la
diante do tabernáculo na igreja, mas também naquele tabernáculo que
são os últimos, os sofredores, as pessoas sós e pobres. Foi o próprio
Jesus quem o disse
. Assim damo-nos conta que as mãos que
elevamos ao alto, em oração, devem ser as mesmas que se
estendem aos irmãos em necessidade; isso nos faz perceber que
o serviço da caridade é inerente ao nosso ser cristão e não uma
questão opcional. Em tempos de pandemia a carência de muitos
irmãos aflora com mais evidência, fazendo, por exemplo, que os
tapetes mais lindos de
Corpus Christi
se tornem os cobertores e
agasalhos a serem doados para quem passa frio; da mesma
forma, os alimentos para os que estão em situação de fome, os
produtos de higiene aos que não os possuem, etc.
Entre os meios privilegiados de encontro com o Senhor, a
Palavra de Deus deve receber destaque particular, pois é Deus
mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja
(Cf. SC 7), tornando a Palavra viva, eficaz e eterna (Cf. Is
55,10-11; Hb 4,12; 1Pd 1,23). Emerge, portanto, a importância
das celebrações da Palavra de Deus, seja em nossas famílias
como em pequenas comunidades ou grupos.
Dentro do atual contexto, muitos que estavam habituados a
rezar praticamente apenas através da celebração eucarística
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entraram numa certa crise, com o decretado fechar as portas de
nossos templos, o que pode revelar o grande valor que se dá à
celebração da missa, tornando-se assim um dado a ser
apreciado, mas pode também externar um sintoma de que não
conseguimos
encontrar o Senhor
em tantas outras formas
celebrativas e orantes de nossa vida cristã, dentro e fora dos
templos. Talvez nos habituamos demais à eficácia dos ritos em
si mesmos (ritualismo) e confiamos no seu efeito
ex opere
operato
(efeito por si mesmo), tão típico da pré-reforma
litúrgica do Vaticano II, quando bastava mais assistir os ritos
que participar plena e ativamente dos mesmos (SC 11, 14, 21...).
Em nossos templos, mesmo de portas fechadas, em boa parte
do presente Ano Litúrgico, celebramos a Liturgia oficial,
inclusive os mistérios da Semana Santa, em forma mais
privativa, mas tentamos fazer também a experiência da fé e do
espírito de comunhão, rezando
com
e
pelo
Povo de Deus, em
tempos de exceção. Faz bem recordar neste momento o que
rezamos na apresentação das oferendas, em nossas celebrações
eucarísticas:
Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para a
glória do seu nome, para o nosso bem e de toda santa Igreja
(O
destaque é nosso).
Muitos fiéis nos acompanharam e acompanham pelos
diversos meios de comunicação, usados com mais ou menos
criatividade e riqueza de simbolismo, seja nos templos quanto
nas casas; sem ignorar que também apareceram eventuais
extravagâncias midiáticas que, em vez de ajudar, prejudicam a
Liturgia da Igreja.
Diante do fenômeno do coronavírus, fomos desafiados a dar
respostas celebrativas, mesmo que o distanciamento físico
afetasse aspectos essenciais de nossa Liturgia, sobretudo a
participação comunitária. A experiência atual nos coloca uma
importante pergunta: - Uma celebração assistida na TV ou
pelas Redes Sociais tem o mesmo valor que a participação
presencial num ato litúrgico na comunidade ou mesmo nas
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celebrações da Palavra em nossas casas? Creio que nossa resposta
deve iniciar dizendo que todas as formas podem ser importantes
e certamente têm seu valor; mas, ao mesmo tempo, não
podemos afirmar que
tudo é a mesma coisa
. Há graus de
participação que são diferentes e consequentemente também de
valor.
Primeiro grau
: Esta forma está mais ligada ao
assistir
uma
celebração por TV, Redes sociais ou
ouvir
pela rádio. O
assistente
ou
ouvinte
normalmente não se sente diretamente
envolvido e comprometido com o ato litúrgico, pois sua
participação não é tão ativa e plena por não estar presente com
os outros. Não se nega com isso que esta forma também possa
trazer frutos espirituais (meditação, oração, comunhão
espiritual, catequese...), sobretudo em épocas de exceção.
Segundo grau
: São as formas que recuperam o valor da
oração em comum, realizada na casa (em família), de modo
especial ao redor da Palavra de Deus. Certamente vale mais
celebrar
, mesmo se em grupo reduzido, como Igreja doméstica,
do que simplesmente assistir ou ouvir celebrações. Aqui se
destaca a importância dos subsídios em diversos níveis, que
valorizam a Bíblia (Leitura Orante). O Papa Francisco também
recomenda vivamente a oração do Terço em família.
Terceiro grau
: Esta é a forma celebrativa normal e mais
valiosa, pois ela acontece na comunidade-Igreja, à qual as pessoas
estão ligadas pelo batismo. É o encontro presencial com Deus e
com os irmãos. É o lugar da comunhão e participação mais
plena. Ali os cristãos alimentam sua fé, sua comunhão com a
Igreja e com Deus:
Não esqueçamos que a vida cristã se faz com
pessoas reais, presentes fisicamente, ocupando um espaço que é
sagrado pela presença do humano e do divino
(Pe. Ari A. dos Reis).
Atualmente não podemos rezar plenamente na comunidade.
É tempo de exceção; não porque os padres ou os bispos
nos
tiraram a eucaristia
, mas fazemos o que é possível, mesmo não
sendo o ideal para os cristãos, pois neste momento temos que
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olhar para a defesa da vida - dom e compromisso (Campanha da
Fraternidade 2020). Estamos todos conscientes que o normal e
o mais pleno é celebrar com a comunidade. Por isso, ao passar a
pandemia, voltaremos com saudade para nossas comunidades. É
nelas que nos alimentamos com o Pão da Palavra e da
Eucaristia.
2 O Novo Missal Romano
Antes de falar diretamente sobre as missas em várias
necessidades, como de pandemia e outras, convém apresentar
algumas informações sobre o chamado
Novo Missal Romano
.
Como membro (a partir de 2011) da equipe da CETEL
(Comissão Episcopal dos Textos Litúrgicos) podemos informar
que nossa tarefa tem o seguinte objetivo geral: apresentar para a
Igreja do Brasil uma tradução que seja o mais possível fiel ao
texto original latino, proveniente da Santa Sé (Editio Typica),
tornando-se a fonte das celebrações litúrgicas; seja
compreensível para os fiéis nas diversas regiões de nosso extenso
país; e tenha linguagem leve, fluente e poética para ser rezada e
cantada. O grande desafio, portanto, é manter equilíbrio entre a
fidelidade ao texto latino e uma linguagem mais próxima da
compreensão do povo. Este trabalho está em fase conclusiva,
aguardando aprovação final da CNBB na próxima Assembleia
Geral, em 2021, adiada por causa da pandemia. Depois o texto
vai a Roma e aguardará a aprovação final da Congregação para
o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, segundo as
novas orientações da Carta Apostólica
Magnum Principium
do
Papa Francisco; para depois ser editado pela CNBB, no Brasil.
Em tempos de novo missal, é importante termos diante de
nós uma pequena síntese histórica do Missal de Paulo VI: com a
reforma litúrgica do Concílio Ecumênico Vaticano II surgiu a
primeira edição
do chamado
Missal de Paulo VI
, em 1970. O
mesmo sofreu adaptações na edição latina, em 1975 (
segunda
edição do Missal de Paulo VI
), sendo traduzido e emitido no
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Brasil, em 1992, o qual ainda está em uso, atualmente. Portanto,
hoje estamos falando da
terceira edição do Missal de Paulo VI
,
solicitada ainda por João Paulo II (
Liturgiam Authenticam
) para
todas as Conferências, em 28.03.2001, e cuja tradução iniciou
no Brasil, somente em 2008.
A nova edição que todos aguardamos continua basicamente
com o mesmo estilo das anteriores, contudo, há nova tradução
com os critérios acima apontados. O trabalho maior e mais
demorado consistiu na tradução dos mais de três mil textos
latinos, frase por frase, tentando respeitar a unidade da Liturgia
Romana, onde está a base, a fonte de nossa fé cristã (
lex orandi
lex credendi lux operandi
). Foram acrescentados também os
textos dos novos santos/as inscritos no calendário litúrgico,
além de outros acréscimos e enriquecimentos.
3 Missas por várias necessidades e em tempos de
pandemia
Entre as
missas por várias necessidades
, comentaremos
primeiramente a que é proposta
em tempo de guerra ou
calamidade
, a qual já consta em nosso missal atual (2ª edição) e
que aparece novamente na 3ª dição que estamos aguardando,
com alguma mudança de tradução, mas não do conteúdo
fundamental.
A atual situação do coronavírus covid-19, diante de muitos
pedidos em toda Igreja, fez surgir uma nova proposta de Missa,
mais adequada
em tempo de pandemia
, a qual também
comentaremos abaixo e que deverá constar no novo missal.
3.1 Em Tempo de Guerra ou Calamidade
1
Nosso missal atual não contém uma missa específica para
1 Missa
pelo Bem Público
, missal atual - da 2ª edição no Brasil, n.23.
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tempos de pandemia; apenas em sentido geral de calamidade,
mais ligada à situação de guerra, invocando a paz e a concórdia.
Mesmo assim, fazemos rápido comentário aos seus textos.
A primeira
antífona de entrada
apresenta texto de Jeremias (Jr
29,11.12.14) que revela um Deus que deseja a paz, que liberta
da aflição e tira do cativeiro; a segunda
antífona de entrada
revela
um Deus que escuta o clamor dos que suplicam, em meio aos
terrores que os cercam.
As duas orações da
coleta
, a oração
sobre as oferendas
e a
oração
depois da comunhão
falam, sobretudo, da realidade da
guerra e do consequente ódio e sofrimento, em meio aos quais
é suplicada a Deus a graça da paz, da justiça e do amor, reflexos
da identidade divina e dos verdadeiros cristãos. Deus é invocado
como autor e amigo da paz ou a própria paz.
3.2 Missa em Tempo de Pandemia
A presença do coronavírus covid-19, que assola o planeta,
fez com que surgissem insistentes solicitações para que houvesse
uma missa específica, durante este tempo, para implorar a Deus
o fim da pandemia. A resposta da Congregação para o Culto
Divino e a Disciplina dos Sacramentos veio através do Prot. N.
156/20 (30/03/2020), que propõe as orações para uma
Missa em
tempo de pandemia
(a tradução portuguesa dos textos veio da
Santa Sé).
Na apresentação do decreto encontramos a seguinte frase do
salmista:
Não terás medo da epidemia que se alastra na escuridão
(cf. Sl 90,5-6). Esta palavra bíblica convida para uma grande
confiança no amor fiel de Deus que não abandona seu povo em
tempos de provação, como da pandemia. Essa é a teologia que
perpassa os textos litúrgicos da temática presente. Diante da
apreensão, da insegurança e do medo humano desponta a
confiança em Deus que é fiel e que acompanha seu povo.
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A
antífona de entrada
cita Isaías (Is 53,4), fazendo referência
ao exemplo de Jesus Cristo, o Servo de Javé, que tomou sobre si
as nossas dores.
3.2.1 Oração coleta
Deus eterno e onipotente,
nosso refúgio em todos os perigos,
olhai benignamente para as nossas aflições e angústias;
como filhos, com fé Vos pedimos:
concedei o eterno descanso aos que morreram,
conforto aos que choram,
cura aos doentes,
paz aos moribundos,
a força aos que trabalham na saúde,
a sabedoria aos nossos governantes
e a coragem para chegarmos amorosamente a todos
glorificando juntos o Vosso Santo Nome.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
Que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Esta é a
oração coleta
, que contém a parte mais significativa
do conteúdo dessa missa, a qual reconhece Deus como nosso
refúgio em todos os perigos. A prece de filhos externa esta
confiança na sua benignidade, em meio às aflições, com diversas
preces: pelo descanso eterno dos que morreram, pelos que
choram, pela cura dos doentes, pela paz dos que estão na agonia
da morte, pelos que cuidam da saúde, pela sabedoria dos
governantes, e a coragem de encontrar-nos com todos para
glorificar juntos o seu Santo Nome.
A
oração sobre as oferendas
pede que Deus receba os dons
apresentados na tribulação e os transforme com a força de seu
poder em fonte de consolação e de paz. A
antífona da comunhão
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traz presente Mt 11,28:
Vinde a mim, todos os que estais cansados
e carregados de fardos, e eu vos darei descanso
. A
oração depois da
comunhão
apresenta a eucaristia como remédio da vida eterna,
que conduz à glória celeste.
3.2.2 Liturgia da Palavra
Primeira Leitura:
Rm 8,31b-39
Salmo Responsorial:
Sl 122,1-2
Aclamação ao Evangelho:
2Cor 1,3b-4ª
Evangelho:
Mc 4,35-41
4 Oração em tempos de pandemia
2
Ó Deus, Pai de misericórdia.
Louvado sois por todas as criaturas, expressão de fraternidade
universal. Sobretudo vos louvamos porque criastes o ser humano à
vossa imagem e semelhança e não o abandonastes ao poder da morte
em sua atitude infiel.
Somos profundamente agradecidos pela vinda de vosso Filho
Jesus Cristo, que nasceu entre nós e mereceu-nos novo sentido para a
vida, recriando-nos com uma dignidade sem par, que nos tornou
filhos e herdeiros, vocacionados a participar de vossa vida divina. Pela
sua vida, cruz e ressurreição fomos salvos. Até nossas dores e
angústias, pandemias e a própria morte foram iluminadas pela
esperança de vitória e pelo dom da vida nova e eterna.
Redimidos por vosso Filho e iluminados pelo Espírito Santo,
fazei que a experiência da pandemia nos ensine a retomar o sentido e
os valores mais profundos de nossa vida: a filiação divina e a relação
fraterna, que o mundo sempre mais está ignorando.
Pai de misericórdia, experimentamos neste tempo de quarentena o
quanto somos dependentes de vós e da solidariedade dos outros,
2 Composta em 02/04/2020.
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nossos irmãos e irmãs. Fortificai nossa fé na vossa constante presença
samaritana, consolai os que mais sofrem e abençoai os que se doam
pela saúde corporal e espiritual dos outros.
Ó Deus, Pai de misericórdia, finalmente vos pedimos que surjam
novos valores na vida do planeta nossa casa comum - para
substituir a visão egoísta que endeusa o poder de mercado, o
consumismo insaciável e o bem-estar como objetivo último da vida.
Que despontem sábias lideranças mundiais em meio à crise, também
em nossas famílias, comunidades e na sociedade em que convivemos,
para suscitar valores que respeitem a dignidade da vida, que
promovam a justiça, a paz, a fraternidade e tantos outros que
emergem do Evangelho, onde vosso Filho ensina: Um só é vosso
Mestre e todos vós sois irmãos (Mt 23,8b). Pelo mesmo Cristo,
nosso Senhor. Amém.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA SAGRADA
. Tradução oficial da CNBB. Brasília: Ed. CNBB, 2018.
DOCUMENTOS DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. São
Paulo: Paulus, 2014, 7ªed. In:
Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a
Sagrada Liturgia
, p.33-79.
FRANCISCO, Papa.
Carta Apostólica Magnum Principium
. Roma: Libreria
Editrice Vaticana, 2007.
MISSAL ROMANO
. São Paulo: Paulinas, 1992, 2ªed.
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