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International License.
A PASTORAL OPERÁRIA
NO BRASIL
Uma descrição a partir da Doutrina Social
da Igreja sobre as pastorais sociais
THE WORKERS PASTORAL
IN BRAZIL
A description from the Social Doctrine of
the Church in the Social Pastorals
LA PASTORAL OPERÁRIA
EN BRASIL
Una descripción según la Doctrina Social
de la Iglesia sobre la pastoral social
Elvis Rezende Messias*
Resumo: Apresentar uma descrição da Pastoral Operária (PO) no Brasil,
destacando os seus aspectos marcadamente inspirados pela Doutrina Social
da Igreja (DSI), é o objetivo geral deste artigo. A pesquisa fundamenta-se
em dados documentais/bibliográficos a partir do ponto de vista da Igreja
Católica e, secundariamente, também intenta contribuir para que o objeto
estudado seja mais conhecido e compreendido dentro do âmbito mais
abrangente do que hoje se chama de pastoral social. O caminho expositivo-
reflexivo aqui trilhado apresentará, de início, uma caracterização geral das
pastorais sociais segundo a DSI. Em seguida, busca-se compreender a
identidade, a organização estrutural geral e as prioridades da PO elencadas
pela atual coordenação nacional, sobretudo na perspectiva da sua
reorganização em terras brasileiras. Por fim, serão expostas as campanhas
mais conhecidas da PO no Brasil.
Palavras-chave: Pastoral social. Pastoral operária. Doutrina Social da Igreja.
v. 39, n. 133, Passo Fundo,
p. 81-95, Jul./Dez./2022,
ISSN on-line: 2763-5201
DOI:dx.doi.org/10.52451/teopraxis.v39i133.110
* Docente-pesquisador do Departamento de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da
Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG Campanha) e vice-diretor da mesma
Instituição (gestão 2021-2025). Doutorando
em Educação pela Universidade Nove de
Julho (UNINOVE), com bolsa CAPES.
Mestre em Educação pela Universidade
Federal de Alfenas (UNIFAL). Licenciado em
Filosofia pela UEMG Campanha. Bacharel
em Teologia pela Universidade Católica Dom
Bosco (UCDB). Especialista em Filosofia pelo
Centro Universitário Claretiano
(CEUCLAR). Especialista em Doutrina
Social da Igreja pela Pontifícia Universidade
Católica de Goiás (PUC-GO). Membro do
Grupo de Pesquisas e Estudos em Filosofia da
Educação (GRUPEFE, CNPq, UNINOVE).
E-mail: elvismessias.prof@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-5395-1964
Recebido em 08/09/2022
Aprovado em 24/10/2022
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Abstract: The general purpose of this article is to present a description of
the Workers’ Pastoral in Brazil, highlighting its aspects markedly inspired
by the Social Doctrine of the Church. The research is based on
documentary and bibliographic data from the point of view of the Catholic
Church and, secondarily, it also tries to contribute so that the studied object
is better known and understood within the broader scope of what is today
called as Social Pastoral. The expository-reflective path trodden here will
present, at first, a general characterization of the social pastorals according
to the Social Doctrine of the Church. Then, an attempt is made to
understand the identity, the general structural organization and the
priorities of the Workers’ Pastoral listed by the current national
coordination, especially from the perspective of their reorganization in
Brazilian lands. Finally, the best-known Workers’ Pastoral campaigns in
Brazil will be exposed.
Keywords: Social Pastoral. Workers’ Pastoral. Social
DoctrineoftheChurch
Resumen: Presentar una descripción general de la Pastoral Operária (PO)
en Brasil, destacando sus aspectos marcadamente inspirados en la Doctrina
Social de la Iglesia (DSI), es el objetivo general de este artículo. La
investigación parte de datos documentales/bibliográficos desde el punto de
vista de la Iglesia Católica y, secundariamente, también pretende contribuir
a que el objeto de estudio sea mejor conocido y comprendido en el ámbito
más amplio de lo que actualmente se denomina pastoral social. El camino
expositivo-reflexivo aquí recorrido presentará inicialmente una
caracterización general de las pastorales sociales según la Doctrina Social de
la Iglesia. Después de eso, busca comprender la identidad, la organización
estructural general y las prioridades de la PO enumeradas por la actual
coordinación nacional, especialmente en la perspectiva de su
reorganización en tierras brasileñas. Finalmente, se expondrán las
campañas de la PO más conocidas en Brasil.
Palabras-clave: Pastoral social. Pastoral operária. Doctrina Social de
la Iglesia.
INTRODUÇÃO
A Pastoral Operária é uma importante pastoral social da Igreja.
Se compreendida à luz da DSI, sua importância se destaca ainda mais,
uma vez que o tema da “condição dos operários” é central nessa
Doutrina e está na gênese de seu desenvolvimento.
Em 15 de maio de 1891 o papa Leão XIII tornava blica a encíclica
Rerum novarum (RN), que tomava, justamente, a situação do operariado
europeu do século XIX como a questão social que interpelava o
Magistério da Igreja a refletir seriamente e a oferecer soluções
humanamente dignas para os conflitos em jogo, à luz do Evangelho.
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A situação contextual não era mais aquela marcadamente rural, pois os tempos
eram outros, bem mais dinâmicos, decorrentes da efervescência industrialista urbana que
produziu, especialmente para os operários, uma profunda “situação de infortúnio e de
miséria imerecida” que os colocou “à mercê de senhores desumanos e à cobiça de uma
concorrência desenfreada” (RN 2).
Ocorreram muitas greves, mobilizações e revoltas políticas e sociais na França,
Inglaterra, Itália, Alemanha, Bélgica, Prússia e territórios de colônias e ex-colônias, a
partir das quais as pessoas buscavam melhores condições de trabalho e de vida. Muitas
soluções eram buscadas, diversos movimentos surgiram para combater a desumanidade do
capitalismo, mas nem sempre tais soluções pareciam compatíveis com a doutrina católica,
tais como aquelas que propugnavam a violência e a destruição de máquinas e indústrias ou
a luta de classes, a supressão da propriedade privada e a ditadura proletária.
Segundo Souza,
Na Europa, a massa de operários criada pela Revolução Industrial constituía a
nova multidão dos chamados proletários. [...] o proletário é o cidadão pobre
que tem para viver a remuneração, muitas vezes insuficiente por nem sequer
chegar ao mínimo vital da sua força de trabalho. [...] Cedo o proletário empurra
os filhos para a fábrica, de modo a aumentar o rendimento familiar. A sua vida
decorre na fábrica, no cortiço e no botequim. O trabalho é duro e excessivo, a
alimentação é sempre insuficiente, a habitação, onde se alojam em condições
insalubres autênticas colmeias de gente, é miserável e o botequim será lugar de
refúgio de milhares de operários, onde se pode desafogar o peso de uma
existência miserável. Todas essas condições determinam uma elevada
mortalidade. [...] Os camponeses, forçados por situações de penúria,
abandonam o meio rural onde sempre viveram [...]. Dessa forma aumenta
desmesuradamente a camada do proletariado. Nesse novo lugar geográfico não
encontram qualquer estrutura pastoral da Igreja. Era diferente em seus
povoados e aldeias. As paróquias urbanas não chegam aos subúrbios, de modo
que o novo proletariado se torna elemento fácil para as doutrinações
anarquistas e marxistas.
1
Como se vê, essa realidade exigiu da Igreja uma especial resposta pastoral. Ela
entendia, cada vez mais, que não poderia ficar indiferente a tal situação e, nos dizeres de
Leão XIII, “calarmo-nos seria, aos olhos de todos, trair o nosso dever” (RN 10).
Sobre isso, assim se expressa o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI),
elaborado pelo então Pontifício Conselho “Justiça e Paz” e publicado no ano de 2004:
Destinatária da mensagem da Igreja fora por séculos uma sociedade de tipo
agrário, caracterizada por ritmos regulares e cíclicos; agora o Evangelho deveria
ser anunciado e vivido num novo areópago, no tumulto dos acontecimentos
sociais de uma sociedade mais dinâmica […] No centro da solicitude pastoral da
Igreja impunha-se mais e mais urgentemente a questão operária, ou seja, o
problema da exploração dos trabalhadores, consequência da nova organização
industrial do trabalho, de matriz capitalista, e o problema, não menos grave, da
instrumentalização ideológica, socialista e comunista, das justas reivindicações
do mundo do trabalho. No seio desse horizonte histórico se colocam as reflexões
e as advertências da Encíclica “Rerum novarum” de Leão XIII (CDSI 267).
Ora, naquele quadro da Modernidade
2
a Igreja reconhece que especialmente “os
acontecimentos ligados à revolução industrial subverteram a secular organização da
l1 Ney de SOUZA. Aspectos das raízes da Doutrina Social da Igreja. In: Ronaldo ZACHARIAS; Rosana MANZINI
(Orgs.). Magistério e Doutrina Social da Igreja: continuidade e desafios. São Paulo: Paulinas, 2016. p. 36-37.
2 Terminologia consagrada pela historiografia recente que se refere a um conjunto de transformações que caracteriza a
história econômico-social da humanidade, englobando tanto a Idade Moderna (séculos XV a XVIII) quanto a Idade
Contemporânea (séculos XVIII aos dias atuais).
MESSIAS, Elvis Rezende
A Pastoral Operária no Brasil: Uma descrição a partir da Doutrina Social da Igreja sobre as pastorais sociais
Revista Teopráxis,
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sociedade, levantando graves problemas de justiça e pondo a primeira grande questão social,
a questão operária, suscitada pelo conflito entre capital e trabalho” (CDSI 88. Itálicos
nossos). Como se vê, a situação do operariado se tornou a questão social da qual a Igreja
por primeiro se ocupou no contexto do que hoje se chama de sua Doutrina Social,
especialmente a partir da encíclica leonina Rerum novarum
3
.
Diversas atuações assistenciais católicas apareceram nesse contexto do século XIX,
algumas antes mesmo da Rerum novarum, como raízes especiais da DSI. Como expressa
Souza, “não faltavam numerosíssimas iniciativas no campo da caridade, entendidas
principalmente como assistência ao pobre. Inegavelmente encontram-se obras que
revelam uma grande generosidade e abnegada dedicação”, e exemplifica
4
: a fundação, por
Frederico Ozanan, da Sociedade São Vicente de Paulo em 1833; a fundação, por Conde
Albert de Mun, dos Círculos Católicos de Operários em 1871; iniciativas, como as de León
Harmel, de cooperação de operários nas direções fabris e de condução cristã das fábricas
pelos patrões que culminou com a criação do chamado Conselho de Usina em 1909, com
raízes de sindicalismo cristão; a organização, por Pe. Adolph Kolping, de associações
católicas de operários alemães em 1849; a fundação, por Dom Bosco, da Sociedade de São
Francisco de Sales em 1859; a fundão, por Franz Hitze e Ludwig Windthorst, da associão
católica de trabalhadores Volksverein em 1890. Além disso, vale destaque tamm para a
publicação da obra A questão operária e o cristianismo, de 1864, por Dom Wilhelm Emmanuel
von Ketteler, e os posicionamentos críticos de Hugo Félicide Lamennais, Jean-Baptiste
Henri-Dominique Lacordaire, Dom De Bonald, Dom Giraud, dentre outros.
Segundo Souza
5
, nas obras sociais, intelectuais e pastorais desses católicos
preocupações de ordem moral que se expressam em “um real protesto social que, no
decorrer de anos, ganha força e extensão. São essas e muitas outras as inspirações que estarão
na encíclica Rerum Novarum (1891), de Leão XIII, iniciando a Doutrina Social da Igreja”.
Tendo, então, esse pano histórico e pastoral de fundo, o presente trabalho objetiva
apresentar uma descrição da Pastoral Operária no Brasil a partir de dados documentais/
bibliográficos de pesquisa, destacando os seus aspectos marcadamente inspirados pela DSI,
com o intuito de contribuir para que seja mais conhecida e compreendida no âmbito mais
abrangente da pastoral social. É importante que fique claro que o ponto de vista
epistemológico-metodológico aqui adotado toma como base um recorte analítico a partir
de documentos e bibliografias conforme a perspectiva da própria Igreja Católica, não
sendo - por limitação de espaço em um trabalho como esse e por um caráter mais
3 Ainda sobre a Rerum novarum, seu contexto e seus posicionamentos diante dos movimentos de contestação ao
capitalismo surgidos ao longo do século XIX, é importante ficar claro que essa encíclica “condena o socialismo como
‘solução’, como ‘remédio’ (cf. RN 3). Ou seja, antes do mal do socialismo havia o mal do capitalismo liberal, que
estava expresso exatamente nas condições deploráveis dos operários de então. Tanto um quanto outro é o pano
contextual de fundo que leva Leão XIII a escrever sua encíclica social. [...] Aclaramentos sobre isso foram
acontecendo no decorrer do desenvolvimento da DSI nesses últimos 130 anos, mas são deduzíveis da própria
encíclica leonina. Falando sobre a Rerum novarum, o papa São João XXIII afirmou na encíclica Mater et magistra
(MM) que ‘tanto a concorrência de tipo liberal como a luta de classes no sentido marxista são contrárias à natureza e
à concepção cristã da vida’ (MM 22)” (MESSIAS, 2021a, s/p). Vale ainda considerar o que pondera Josaphat (2002,
p.56), que diz que “a ênfase na condenação do erro, quando não acompanhada de uma formação positiva do senso da
justiça, que a luta de classes envenenara, tem sido ou pode ser ocasião de equívoco para a mentalidade do homem
comum. Dir-se-á de maneira global: ‘O comunismo espalha e fomenta a luta de classes, a desarmonia social, a
desordem e a anarquia’; ‘O cristianismo prega o amor, a harmonia e a colaboração entre as classes, a manutenção da
ordem e a paz social’. Essa oposição simplista pode levar à omissão ou ao esquecimento de uma das exigências do
amor cristão: sua condenação ativa do mal sob todas as suas formas [...] A paz que o cristianismo prega e tende a
instaurar não é aceitação de qualquer situação estabelecida; ela resulta da ordem, fundada na justiça”.
4 Ney de SOUZA. Aspectos das raízes da Doutrina Social da Igreja. In: Ronaldo ZACHARIAS; Rosana MANZINI
(Orgs.). Magistério e Doutrina Social da Igreja: continuidade e desafios. São Paulo: Paulinas, 2016. p.44-48.
5 Ney de SOUZA. Aspectos das raízes da Doutrina Social da Igreja. In: Ronaldo ZACHARIAS; Rosana MANZINI
(Orgs.). Magistério e Doutrina Social da Igreja: continuidade e desafios. São Paulo: Paulinas, 2016. p.48-49.
MESSIAS, Elvis Rezende
A Pastoral Operária no Brasil: Uma descrição a partir da Doutrina Social da Igreja sobre as pastorais sociais
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introdutório e descritivo aqui escolhido - mobilizadas críticas internas e externas mais
amplas por diferentes atores dentro e fora da própria Igreja
6
.
À vista do exposto, trilharemos um caminho expositivo-reflexivo que, inicialmente,
apresentará uma caracterização geral das pastorais sociais conforme a compreensão da DSI
sobre elas para, em seguida, compreender a identidade e a organização geral da PO em
nosso país, suas prioridades elencadas pela atual coordenação nacional, sobretudo na
perspectiva da sua reorganização em terras brasileiras, e, por fim, serão expostas as
campanhas mais conhecidas da PO no Brasil.
1 CARACTERIZAÇÃO DAS PASTORAIS SOCIAIS NA DOUTRINA SOCIAL
A Igreja não é ministra de uma salvação meramente abstrata ou de uma dignidade só
da alma (EN
7
31), mas do ser humano em sua totalidade, “todos os homens e o homem
todo” (PP
8
14). Ela tem o direito e o dever de fecundar e fermentar a sociedade mesma com
o Evangelho (CDSI 62.64.69-71). De fato, o Evangelho tem profunda incidência social
9
,
nada lhe é alheio (CDSI 66), “a posição cristã não é cômoda, porque é integral. Abraça
todos os dados do problema”
10
(assim como a própria Trindade é comunhão de Pessoas e a
ação redentora de Jesus Cristo, singularmente iniciada no mistério da encarnação (CDSI
65), é interpeladora socialmente de modo íntimo e inevitável: “Ele é em pessoa a Doutrina
Social de Deus”.
11
Nesse sentido, a Igreja também tem uma doutrina social e atua socialmente na
competência que lhe é própria, ou seja, não a da técnica nem a da proposição de regimes
sócio-político-econômicos, mas a do anúncio de Jesus e da redenção e libertação por ele
trazidas (CDSI 68). Como tal, a atuação da Igreja é marcadamente a de pastoreio, de
cuidado pastoral. D que, dentre suas atividades pastorais, ocupam especial lugar de
importância as chamadas pastorais sociais.
O pastoreio social da Igreja é iluminado, em sua articulação, natureza, enfoque e
desenvolvimento, pela Doutrina Social, que compreende a pastoral social como “a
expressão viva e concreta de uma Igreja plenamente consciente da própria missão
evangelizadora das realidades sociais, econômicas, culturais e políticas do mundo” (CDSI
524). Ora, essa dimensão pastoral revela um elevado grau de maturidade da Igreja no que
tange à sua autoconsciência, à consciência clara da abrangência de seu chamado e de sua
identidade, bem como da compreensão que a cristã “torna-se luz para iluminar as
relações sociais” (GS
12
40).
Na Evangelii gaudium (EG), o Papa Francisco afirmou que “o querigma possui um
conteúdo inevitavelmente social: no próprio coração do Evangelho, aparece a vida
comunitária e o compromisso com os outros. O conteúdo do primeiro anúncio tem uma
repercussão moral imediata, cujo centro é a caridade” (EG 177). E é, então, justamente
baseada na mensagem social do Evangelho que a Igreja desenvolve uma dupla tarefa
6 Temos ciência de que outras abordagens são possíveis para o objeto aqui estudado, bem como maiores
problematizações histórico-contextuais podem ser evocadas. Existem, inclusive, disputas por significados,
hermenêuticas e exegeses no interior da própria Igreja. Aqui optamos, contudo, por uma descrição a partir da
própria ótica eclesiástica. Novas leituras e pesquisas serão bem-vindas e necessárias posteriormente.
7 EN = Evangelii Nuntiandi.
8 PP = Populorum progressio.
9 Elvis Rezende MESSIAS; Dom Pedro Cunha CRUZ. O Evangelho Social: manual básico de Doutrina Social da Igreja.
São Paulo: Paulus, 2020.
10 Frei Carlos JOSAPHAT. Evangelho e revolução social. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2002. p.74.
11 FRANCISCO. Prefácio. In: DOCAT. Como agir? São Paulo: Paulus, 2016a. p.12.
12 GS = Gaudium et spes.
MESSIAS, Elvis Rezende
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pastoral: 1) “ajudar os homens a descobrir a verdade e escolher a via a seguir”; 2) “encorajar
o esforço dos cristãos em testemunhar o Evangelho no campo social” (CDSI 525).
Assim, segundo o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI 526), a pastoral social deve:
• anunciar o Evangelho;
• confrontar a mensagem evangélica com a realidade social;
• projetar ações voltadas a renovar a realidade social.
Desse modo, sua fundamentação e atuação são eminentemente evangélicas e
teológicas. De fato, antes do seu agir social vem sua identidade pastoral. É daí que se
sustenta sua prática e encontram seus agentes as inspirações basilares para seus
planejamentos, organizações, avaliações e celebrações.
Segundo expressa a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no texto A
missão da pastoral social (MPS), de 2008, cada organismo, setor, comissão e pastoral social
que são várias têm um profundo sentido de ser, de fato, “pastoral”. Com o intuito de
“formar pessoas/Igrejas/comunidades ‘samaritanas’ prontas para socorrerem os
necessitados”, desde o princípio, no Brasil, por exemplo, esses trabalhos
[...] eram plenamente “pastorais”, no sentido de serem parte de uma dimensão
essencial e irrenunciável da missão da Igreja de Jesus, e por desejarem, mesmo
incomodando profeticamente, que todas as comunidades/Igrejas estivessem
despertadas e organizadas para viver esse aspecto da missão.
13
A título, então, de indicações e pistas de ação inspiradas na Doutrina Social da Igreja
e na dimensão sociotransformadora da ação pastoral da Igreja no Brasil
14
, podemos elencar
alguns tópicos iluminadores para a atuação das diversas pastorais sociais católicas.
Destaca-se que elas podem:
• contribuir para a transformação dos corações e das estruturas da sociedade à luz do
Reino de Deus e do projeto de construção da Civilização do Amor;
concretizar atividades que viabilizem a transformação de situações específicas
(mundo do trabalho, realidade das ruas, mobilidade humana, presídios, marginalização da
mulher, negros, pescadores, indígenas, múltiplos rostos sofredores);
• ser presença (testemunho) junto aos setores mais marginalizados da população;
ser alerta (denúncia e anúncio) à Igreja e à sociedade civil sobre a exisncia
desses submundos;
ser ação (serviço) que multiplica atividades de conscientização, organização e
transformação, e que levem à conversão;
ser articulação fraterna (diálogo) com outros setores e instituições em vista do
bem comum;
reconhecer que o mundo é lugar teológico (Deus nos fala, interpela, encontra e
chama em todas as circunstâncias);
identificar os rostos sofredores que nos interpelam (categorias marginalizadas,
subalternizadas e/ou situações sociais de extrema carência)
15
;
13 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 20.
14 Sobre ver as inúmeras indicações da CNBB, disponíveis em: https://www.cnbb.org.br/acao_transformadora/. Acesso
em 07 set. 2022.
15 Acerca
dos
rostos
sofredores,
o
Documento
de
Aparecida,
justamente
em
uma
seção
na
qual
trata
de
Uma
renovada
pastoral
social
para
a
promoção
humana
integral,
considera
que
em
nosso
atual
contexto
globalizado
emergem-se
muitos
“novos
rostos
pobres”
e,
em
sintonia
com
as
anteriores
Conferências
Gerais
do
Episcopado
Latino-Americano
e
Caribenho,
oferece
uma
lista
desses
rostos
interpeladores
hoje
(DAp
402):
migrantes,
vítimas
de
violência,
deslocados
e
refugiados,
vítimas
do
tráfico
de
pessoas
e
sequestros,
desaparecidos,
enfermos
de
HIV
e
de
enfermidades
endêmicas,
tóxico-dependentes,
idosos,
meninos
e
meninas
vítimas
da
prostituição,
pornografia
e
violência
ou
do
trabalho
infantil,
mulheres
maltratadas,
vítimas
de
exclusão
e
do
tráfico
para
a
exploração
sexual,
MESSIAS, Elvis Rezende
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estimular o protagonismo das pessoas atendidas pastoralmente na luta e conquista
de seus próprios direitos, no trabalho de fazer com que suas vozes sejam ouvidas,
reconhecidas e respeitadas na sociedade como um todo e na Igreja especificamente;
tomar consciência constante da realidade local (que seja sensível e gere um
processo de organização e mobilização);
fortalecer equipes de base para que possam acompanhar de perto e
sistematicamente as situações específicas;
discernir e desenvolver atividades e redes de apoio e solidariedade, num trabalho
gradativo e persistente;
integrar todas as pastorais sociais da paróquia/diocese/regional, em diálogo com
os corpos intermédios da sociedade civil organizada;
conhecer e difundir a Doutrina Social da Igreja e deixar-se guiar por ela em todos
os seus processos e percursos;
• defender e promover a dignidade integral da pessoa humana como princípio primaz,
difundindo a cultura da vida e combatendo as múltiplas expressões de cultura de morte;
• resgatar o sentido original da política, da economia e da sociedade como um todo;
• despertar a consciência crítica frente à realidade político-social do entorno;
• mobilizar a comunidade no conhecimento e na busca de seus direitos e deveres;
estimular o exercício da cidadania e o surgimento de lideranças engajadas e democticas;
impregnar a própria organização pastoral de processos democráticos e,
especialmente, sinodais;
acompanhar, oferecer apoio e fiscalizar os trabalhos dos diversos agentes sociais,
especialmente daqueles politicamente eleitos;
• atuar junto à comunidade para discutir problemas locais;
promover encontros de estudo dos projetos políticos, emendas de leis, políticas
públicas etc., avaliando suas motivações e impactos à luz da Doutrina Social da Igreja,
Evangelho Social de Jesus Cristo;
promover encontros para reflexão e construção coletiva de ações sobre as diversas
questões de interesse público (educação, saúde, moradia, desenvolvimento econômico,
ecologia...);
articular-se com outras pastorais, como, por exemplo, à Pastoral da Comunicação,
para um trabalho de difusão e promoção de informações necessárias à saúde sócio-
político-econômica da comunidade e ao sistemático combate de informações falsas
16
;
• aproveitar as diversas datas de mobilização social previstas no calendário civil, bem
como dos santos e das santas da Igreja, que contribuem para a reflexão cristã na dimensão
sócio-político-econômica;
• buscar constante assessoria teológica, política e filosófica (ciências humanas) para o
fortalecimento dos alicerces da pastoral social.
pessoas
com
capacidades
diferentes,
grandes
grupos
de
desempregados/as,
os
excluídos
pelo
analfabetismo
tecnológico,
as
pessoas
que
vivem
na
rua
das
grandes
cidades,
os
indígenas
e
afro-americanos,
agricultores
sem-terra
e
os
mineiros
(lembrando
que
o
DAp
é
do
ano
de
2007
e,
desse
modo,
talvez
outros
novos
“rostos”
precisam,
infelizmente,
ser
acrescentados
a
essa
lista).
E
o
Documento
conclui
esse
número
com
a
seguinte
afirmativa:
“A
Igreja,
com sua Pastoral Social, deve dar acolhida e acompanhar essas pessoas excluídas nas respectivas esferas” (DAp 402).
16 Sobre as singulares ameaças que merecem nossa atenção atualmente, os bispos brasileiros reunidos em Assembleia
Geral em abril de 2022, alertaram sobre “a disseminação das fake news, que através da mentira e do ódio, falseia a
realidade. Carregando em si o perigoso potencial de manipular consciências, elas modificam a vontade popular,
afrontam a democracia e viabilizam, fraudulentamente, projetos orquestrados de poder” (CNBB, 2022, s.p).
MESSIAS, Elvis Rezende
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A esses destaques, muitos outros poderiam ser acrescidos. Contudo, pelo que se
fundamentou até aqui, uma tarefa essencial da ação pastoral social é, por fim, reunir-se
para avaliar e celebrar frequentemente, vivendo uma espiritualidade cristã integral. Não se
pode esquecer que, enquanto definida como uma atividade “pastoral”, ela nasce do
encontro com o Bom Pastor. Tal como alertaram os bispos no Documento de Aparecida, “a
missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do
acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de
comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo” (DAp 145).
2 NASCIMENTO E IDENTIDADE DA PASTORAL OPERÁRIA NO BRASIL
Em se tratando especificamente do contexto brasileiro, as Pastorais Sociais
“nasceram na década de 70 do século passado, por um motivo muito claro: a insuficiência
das mediações de trabalho social na Igreja Católica para dar conta, na época, dos novos
problemas que atingiam amplos setores da sociedade brasileira”.
17
Eram tempos árduos de
ditadura civil-militar e do cínico processo de integração de diversas regiões – em especial a
região amazônica à ideologia do “progresso nacional” ou do “milagre econômico”, um
processo capitalista e autoritário que “mantinha viva e aprofundava, disfarçada sob a
linguagem modernizadora, a tradicional política colonizadora de usurpação do território
brasileiro”, produzindo a ilusão “de que os ditadores estivessem efetivamente introduzindo
a modernização e o progresso e impedindo o avanço do comunismo”.
18
Nesse cenário de marcante opressão, de forte exploração do trabalho e de repressão
dos movimentos de organização sindical e/ou política, as pastorais sociais nascentes do
Brasil, especialmente a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista
Missionário (CIMI), foram surgindo marcadamente como “pastorais de fronteiras”
19
,
como “serviço evangélico de risco”
20
como “pastoral de conflito”
21
, tendo nas Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) um grande berço para o aparecimento de lideranças de
movimentos sociais, partidos democráticos, sindicatos e de agentes de pastorais sociais
22
.
Daí que se possa dizer que:
Com a mesma inspiração do CIMI e da CPT, foram surgindo, a partir de 1976, a
Pastoral Operária, a Pastoral do Menor, dos Migrantes, da Mulher
Marginalizada, a Pastoral Carcerária, o Serviço Pastoral dos Pescadores... Elas
propuseram-se a ser parteiras, no sentido de ajudar a nascer, o protagonismo
destas pessoas e classes com direitos e existência negados, apostando na força de
sua organização e luta política e na experiência histórica da ressurreição.
Evitaram, para isso, transformar-se em “movimentos sociais” e agir em nome
ou representando os empobrecidos como um serviço da Igreja.
23
Considerando, então, a Pastoral Operária de modo mais dedicado, pode-se dizer que
ela tem como data de nascimento no Brasil o ano de 1970. Naquele ano, mais
especificamente no dia 18 de outubro de 1970, foi celebrada na cidade de São Paulo aquela
que ficou conhecida como a Missa pelo salário justo, presidida pelo cardeal Agnelo Rossi, à
época arcebispo de São Paulo. Segundo explicita Rodrigues citando “Waldemar Rossi, um
dos fundadores da Pastoral Operária”, naquele ano, aproximadamente oito sindicatos se
17 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p.13.
18 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p.14.
19 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 15.
20 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 18.
21 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 32.
22 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 33.
23 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p.18.
MESSIAS, Elvis Rezende
A Pastoral Operária no Brasil: Uma descrição a partir da Doutrina Social da Igreja sobre as pastorais sociais
Revista Teopráxis,
Passo Fundo, v.39, n.133, p. 81-95, Jul./Dez./2022. ISSN On-line: 2763-5201.
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uniram em luta contra “o arrocho salarial”, de tal forma que ele sugeriu “a ‘Missa do Salário
Justo’. O cardeal (Agnelo Rossi) fez questão de celebrar a missa e, naturalmente, ficou
então instituída a Pastoral Operária naquele dia”.
24
Criada, então, quase 52 anos, primeiramente na Arquidiocese de São Paulo, e,
depois, nacionalmente em 1976
25
, a PO nutre especial atenção às questões que envolvem o
trabalho humano, sobretudo no âmbito urbano, lidando com situações como direitos
trabalhistas, acidentes e doenças de trabalho, campanhas de formação para o conhecimento
da legislação trabalhista, economia solidária, união de trabalhadores, segurança e saúde no
trabalho, na perspectiva de uma espiritualidade integral do trabalho.
Engajada social e eclesialmente, a PO no Brasil pode ser identificada a partir dos
seguintes tópicos
26
:
1) A PO é uma pastoral social que se coloca a serviço da classe trabalhadora urbana,
como uma pastoral organizada, composta e dirigida por trabalhadores(as). Ou seja, é uma
pastoral preocupada com a incidência social do Evangelho e possui uma estruturação
marcada pelo protagonismo dos cristãos leigos e leigas. Esse protagonismo, contudo, não é
sinônimo de exclusivismo, pois a PO no Brasil faz parte das Pastorais Sociais da Comissão
para a Caridade, Justiça e Paz da CNBB.
2) Como tal, a PO procura ser espaço para reflexão da vida da pessoa trabalhadora à
luz da Sagrada Escritura e da DSI. Sua orientação é marcadamente cristã, procurando
oferecer uma resposta social que seja, de fato, pastoral, compreendendo que o Evangelho
da Salvação não é alheio às injustiças sociais concretas de cada tempo histórico.
3) Nesse sentido, a PO autocompreende-se como intrinsecamente missionária,
identificando sua própria missão no sentido de atuar como presença da Igreja junto à
classe trabalhadora e da presença da classe trabalhadora junto à Igreja. Assim como a
sociedade e os trabalhadores devem abrir-se à presença orientadora da Igreja, também a
Igreja deve abrir-se à presença interpeladora da sociedade e dos trabalhadores.
4) Donde vem, então, aquele que é o compromisso especial da PO: agir com o povo,
resgatando a cidadania plena de trabalhadores formais, informais e desempregados, tendo
o trabalho como chave para construção de uma sociedade justa e solidária.
Deste quarto ponto, duas coisas merecem destaque ainda:
Em primeiro lugar, a Igreja como um todo não trabalha para o povo nem
simplesmente em favor dele, mas que age com ele, com os pobres, porque ela é povo de Deus
em caminho e em comunhão, porque ela é dos pobres, ou, melhor dizendo, ela mesma é pobre,
ou seja, sempre necessitada da solicitude compassiva do Bom Pastor.
27
E, nunca é demais
relembrar, não se trata aqui de desejar, em última instância, uma sociedade do poder
proletário de inspiração marxista, como refletiu Francisco quando interpelado em 2016
por Eugenio Scalfari, do jornal La Repubblica
28
. Naquela ocasião, disse o Papa que, se
houver alguma semelhança entre as duas coisas, na verdade a prerrogativa do cuidado
libertador para com os pobres, que os vê e os torna sujeitos de sua própria formação, é do
cristianismo, e não do marxismo. Expressou Francisco que, nesse caso,
24 Cátia Regina RODRIGUES. D. Paulo Evaristo Arns e as pastorais sociais. Projeto História, São Paulo, n. 37, p. 319-328,
dez. 2008, p. 320.
25 Ver histórico em: https://pastoraloperaria.org.br/. Acesso em: 07 set. 2022.
26 Optamos aqui por uma apresentação de cunho didático. Estas e outras informações podem ser consultadas em Pastoral
operária. Quem somos? Disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/quem-somos/. Acesso em: 07 set. 2022.
27 Elvis Rezende MESSIAS. A pastoral deve voltar a Jesus: inspirações e provocações a partir da obra de J. A. Pagola.
Annales FAJE, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 40-50, 2021b.
28 A entrevista de Scalfari com Francisco foi em novembro de 2016 e o seu texto completo esdisponível em: https://
www.repubblica.it/vaticano/2016/11/11/news/scalfari_papa_francisco_trump_no_lo_juzgo-151826657/. Acesso em:
07 set. 2022.
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[...] são os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma
sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não
os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles
a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade
29
(Tradução nossa).
Em segundo lugar, destaca-se a compreensão da sociedade em chave laboral. Essa é
uma das contribuições fundamentais da Encíclica Laborem exercens (LE), de João Paulo II,
em leitura atualizada da Rerum novarum. O documento do papa polonês versa sobre o
trabalho humano, reconhecendo sua centralidade na vida das pessoas e declarando-o como
a chave de toda a “questão social” (LE 3).
Em síntese, não se constrói uma sociedade justa e solidária sem a dignidade concreta
da pessoa trabalhadora em seus trabalhos concretos. Daí a singular importância da
existência de uma pastoral social que tome a realidade operária como objeto especial de sua
ação missionária.
3 ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO GERAL E PRIORIDADES DA PASTORAL OPERÁRIA NO
BRASIL
Pelo que se exs aaqui, pode-se compreender que as áreas de atuação da PO o
abrangentes, envolvendo o âmbito eclesial, mas também as realidades da organização
dos trabalhadores e da organização sociopolítica e econômica como um todo. Os
trabalhos pastorais desenvolvidos envolvem formação eclesial, conhecimento da DSI e
também a interpelação para a ão pastoral organizada, envolvendo, por conseqncia,
campanhas, movimentos de reivindicação e dlogo com gestores políticos, projetos de
lei de iniciativa popular etc.
Um dos destaques, nesse sentido, são os chamados grupos de economia popular solidária
(GEPS), que são criados e acompanhados pela PO para integrar os Grupos de B ase nas
paróquias e cidades. Os GEPS “são coletivos de geração de trabalho e renda (cooperativas e
outros empreendimentos), em todo Brasil. A PO promove a formação e organização dos
grupos, a partir dos princípios de autogestão, solidariedade, justiça”.
30
Tal perspectiva é importante para vencer três coisas:
1) o individualismo, pois não se luta sozinho, isoladamente nem pensando somente
nos “meus problemas”, dado que eles possuem tanto incidência quanto certa decorrência
histórico-social;
2) o fatalismo, pois a solidariedade fraterna ajuda a compreender que as coisas podem
mudar, que os problemas de injustiça sistêmica que passamos não são “vontade de Deus”;
3) o espontansmo, pois a luta por melhores condições de vida e de trabalho não se faz
por mero impulso, mas iluminada pela Palavra de Deus, orientada pelo Magistério Social
católico e organizada comunitariamente, dificultando que as justas reivindicações dos
trabalhadores sejam cooptadas por ideologias, sejam elas de direita, esquerda, centro etc.
Daí que se destaca, então, a organização da própria PO em diversos níveis,
possibilitando maior consistência no trabalho/missão que ela pretende desenvolver. Têm-
se os seguintes veis de organização:
29 “[...] son los comunistas los que piensan como los cristianos. Cristo habló de una sociedad donde fueran los pobres,
los débiles, los marginados, quienes decidieran. No los demagogos, no los Barrabás, sino el pueblo, los pobres,
independientemente de que tengan o no fe en el Dios trascendente, es a ellos a los que debemos ayudar para que
logren la igualdad y la libertad”. (FRANCISCO. Entrevista concedida a Eugênio Scalfari. La R eppublica. 11 nov. 2016b.
Disponível em: https://www.repubblica.it/vaticano/2016/11/11/news/scalfari_papa_francisco_trump_
no_lo_juzgo-151826657/. Acesso em: 07 set. 2022.
30 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 36-37.
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Grupos de base: compostos pelos trabalhadores em suas realidades. É neles que a
ação concreta nas especificidades dos trabalhadores acontece. Ali ocorrem reuniões sobre a
realidade do dia a dia, uma especial vivência da espiritualidade do trabalho, celebrações da
vida e da luta do povo, encontros de reflexão, formações e articulações sobre vários temas
pertinentes à atuação da PO
31
.
Coordenação Diocesana: formada por representantes dos Grupos de Base.
Coordenação Estadual: formada por representantes das dioceses e pelos
coordenadores/liberados estaduais.
Articulação Norte/Nordeste e Sul/Sudeste.
Colegiado Nacional: instância geral de direção da PO, com estrutura regimental de
oito membros: 5 trabalhadores leigos (daí saindo as duas pessoas coordenadoras), um
padre, uma religiosa e o bispo referencial da CNBB
32
.
A última coordenação nacional, que atuou até março de 2022
33
, procurou, assim, um
trabalho de reorganização interna da PO, tendo em vista que em muitas dioceses do Brasil
ela encontra-se sem atuação. Para tanto, a equipe elencou duas frentes de prioridades,
como se pode ver a seguir
34
.
Prioridade 1: Formação. O objetivo aqui é
[...] contribuir para a formação de trabalhadoras e trabalhadores, no que se
refere a organização, mobilização, direitos, políticas públicas, espiritualidade,
bíblia, Ensino Social da Igreja, comunicação, mundo do trabalho em geral para
o desenvolvimento de uma consciência cristã cidadã de defesa e garantia de
direitos de trabalhadoras e trabalhadores.
35
As realizações que foram previstas para essa primeira prioridade são:
Realização 1: produzir subsídios de formação em níveis [grupo de base/diocese
estadual/regional – nacional] a partir das áreas de atuação da PO [eclesial – organização da
classe trabalhadora – social – político – economia popular solidária].
• Realização 2: realizar processo formação [rodas de conversa – cursos – seminários]
em níveis [grupo de base/diocese (para novos grupos, jovens e para militantes) – estadual/
regional – nacional] com os subsídios produzidos.
Realização 3: acompanhar [monitoramento, avaliação e sistematização] com
sistematização da realização das rodas de conversas, cursos e seminários.
• Realização 4: celebrar os 50 anos da PO [ocorridos 2020].
Prioridade 2: Comunicação. O objetivo aqui é, sinteticamente, melhorar a comunicação
da PO a serviço da Classe Trabalhadora. As realizações que foram previstaso:
31 Sobre a organização e funcionamento dos Grupos de Base, ver a cartilha disponível em: https://
pastoraloperaria.org.br/wp-content/uploads/2020/10/Ebook_Grupos_Base_PO. pdf. Acesso em: 07 set. 2022.
32 Até março de 2022 a equipe estava composta pelas seguintes pessoas: Jardel Neves Lopes (trabalhador coordenador),
Mônica Helena de Andrade Fidelis (trabalhadora coordenadora), Osmarina Oliveira (trabalhadora articuladora
regional Sudeste), Iguaracira Fidelis Maia (trabalhadora articuladora regional Nordeste), Luzarina Varela
(trabalhadora articuladora regional Norte), Alessandra Lazzari (trabalhadora articuladora regional Sul), Pe. Miguel
Pipolo (Assessor Eclesiástico) e Dom José Reginaldo Andrietta (bispo referencial da CNBB para a Pastoral Operária).
33 Uma nova equipe foi eleita a partir da última Assembleia Nacional, ocorrida entre 11 e 13 de março de 2022. Está
agora composta por: Marina Oliveira e Marcos Moura (trabalhadores coordenadores - liberação), Alessandra Lazzari
(trabalhadora articuladora regional Sul), Gilmar Ortiz (trabalhador articulador regional Sudeste), Lucia Ângelo
(trabalhadora articuladora regional Nordeste), Luzarina Varela (trabalhadora articuladora regional Norte). O assessor
eclesiástico ainda está a definir e Dom José Reginaldo Andrietta segue sendo o bispo referencial da CNBB para a
Pastoral Operária. Informações disponíveis em: https://pastoraloperaria.org.br/2022/03/17/sintese-geral-da-20a-
assembleia-nacional-da-po/. Acesso em: 07 set. 2022.
34 Disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/quem-somos/. Acesso em: 07 set. 2022.
35 PASTORAL OPERÁRIA 2022. Quem somos? Disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/quem-somos/. Acesso
em: 07 set. 2022.
MESSIAS, Elvis Rezende
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Realização 1: produzir cartilha de formação sobre comunicação, com conteúdo
introdutórios, formas de linguagens da comunicação, instrumentalização e orientações
sobre a comunicação na PO.
Realização 2: realizar oficina de comunicação com representantes estaduais/
regionais para auxiliar no envio de informações da equipe nacional e estadual para as bases
e das bases para as equipes estadual e nacional.
Realização 3: promover intercâmbio de informações entre as experiências dos
grupos de PO pelo Brasil.
• Realização 4: melhorar as mídias sociais da PO: refazer o site.
• Realizão 5: atualizar e republicar subsídios de formação uteis para a formão da base
da PO: (i) Grupos de Base, (ii) PO como e para quê, (iii) Igreja e os Trabalhadores (coleção).
A organização, (re)estruturação e elenco de prioridades e caminhos a serem trilhados
mostram uma pastoral em perene movimento e vitalidade, atenta às interpelações do
contexto operário atual. De fato, os desafios são muitos, pois a realidade laboral na atual
conjuntura nacional inspira muitos cuidados e ação pastoral profética, bem organizada e
coerentemente fundamentada nos princípios e critérios da Doutrina Social da Igreja.
4 MOVIMENTAÇÕES E CAMPANHAS DA PASTORAL OPERÁRIA NO BRASIL
Destacamos, dentre outras, três movimentações/campanhas bastante conhecidas da
PO no Brasil e que auxiliam os grupos de base e dioceses a se inspirarem e se articularem
em torno de suas próprias demandas locais/regionais.
Uma movimentação fundamental é a Assembleia Nacional da PO, ocorrida anualmente,
preparada ao longo de vários meses, com articulações e encontros em níveis diocesanos e
estaduais, à luz de um texto-base preparado previamente. A última edição ocorreu entre 11
a 13 de março de 2022, de forma virtual
36
, sob o tema “A organização e a luta da classe
trabalhadora por condições dignas de trabalho e vida”. O lema foi “Sejam fortes e
corajosos” (Dt 31,6)
37
.
Outra movimentação bastante conhecida e presente em várias dioceses do Brasil é o
Grito dos(das) excluídos(as). Esse encontro geralmente ocorre no dia 07 de setembro de cada
ano, envolvendo diversas Pastorais Sociais das dioceses e/ou paróquias, e não somente a
PO. A edição de 2022 insere-se no contexto dos 200 anos da (in)dependência do Brasil e
teve como tema “Vida em primeiro lugar”. O seu lema, consideravelmente provocativo/
reflexivo, foi: “Brasil, 200 anos de (in)dependência. Para quem?”.
Por fim, destaca-se também a chamada Campanha Acidente de trabalho não é culpa da
vítima. Com duração temática de um ano, ocorrida de 28 de abril de um ano ao outro,
essa data foi escolhida pelo fato da Organização Internacional do Trabalho (OIT - ONU)
ter instituído, em 2003, a data de 28 de abril como o Dia Mundial de Segurança e Saúde no
Trabalho. O tema escolhido para a última Campanha concluída (2021-2022) foi “Covid19 é
doença do trabalho”. Isso se deu porque se compreende que a pandemia se relaciona
diretamente com a realidade laboral, pois muitas pessoas adquirem-na ou no ambiente
onde trabalham ou no trajeto para ele, equiparando-se por lei ao acidente de trabalho.
Desse modo, essa Campanha visou conscientizar a sociedade para o fato de que as pessoas
acometidas por Covid-19 devem ter os direitos e deveres trabalhistas e previdenciários
36 Uma ntese sobre o que ocorreu encontra-se disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/2022/03/17/sintese-
geral-da-20a-assembleia-nacional-da-po/. Acesso em: 07 set. 2022.
37 O Texto-base da edição encontra-se disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/wp-content/uploads/2021/11/
PO_Texto-base_20a-Assembleia-Nacional.pdf. Acesso em: 07 set. 2022.
MESSIAS, Elvis Rezende
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garantidos e aplicados como qualquer outro acidente ou doença do trabalho
38
. A atual
Campanha, finalmente, tem como tema “Atuemos juntos!” e foi lançada em 28 de abril na
sede do Regional Sul 1 da CNBB. Segundo expresso pela própria PO, acerca da Campanha
em vigor e sua temática,
trabalho digno é direito de todos e todas e reflete a importância da união entre
todas as categorias de trabalhadores/as, sejam formais ou informais para o
desenvolvimento de uma gestão segura em Segurança e Saúde no Trabalho para
a redução da ocorrência de doenças e acidentes do trabalho. A campanha aborda
também a campanha da Fraternidade de 2022 (Fraternidade e Educação) e a
importância da formação e capacitação dos trabalhadores e trabalhadoras
39
.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo que se pode expor ao longo deste artigo, a PO se revela como uma pastoral
social fundamental. Necessitando de novo ardor em diversas dioceses e regiões do Brasil,
ela tem procurado se reestruturar e tem desenvolvido um consistente trabalho em tantos
outros lugares do país
40
.
Diversos subsídios formativos encontram-se disponíveis no site da PO e, no âmbito
da CNBB, o Regional Sul I parece estar desenvolvendo um trabalho mais sistemático, com
uma comunicação mais atuante. As redes sociais da PO têm divulgado diversas
movimentações recentemente, em especial no contexto dos preparativos e sínteses da
Assembleia Nacional em várias dioceses e Estados e do Grito dos(das) excluídos(excluídas).
Isso é um importante sinal da perene e também atual vitalidade dessa pastoral social da
Igreja no Brasil.
A fundamentação teológica das Pastorais Sociais é indiscutível, como se pode ver à
luz da Doutrina Social da Igreja, do mistério trinitário e da encarnação de Jesus. Como
bem expressa a CNBB (2008), “inserida nas situações concretas da sociedade humana e
vivendo o mistério da encarnão, a Igreja sente-se solidária com toda a humanidade a com
sua história. A missão das Pastorais Sociais é, igualmente, evangelizar encarnando-se”.
41
Desse modo, a articulação e atuação da PO como uma pastoral social específica se faz
sempre mais necessária e bem-vinda. Como explicou o Papa Francisco (2017, s/p),
“sempre houve uma amizade entre a Igreja e o trabalho, a partir de Jesus trabalhador.
Onde houver um trabalhador, ali estarão o interesse e o olhar de amor do Senhor e da
Igreja”. E a isso se acrescenta o que afirma a CNBB em suas atuais diretrizes para a ação
evangelizadora no Brasil: “A solidariedade com quem sofre as consequências do
desemprego e do trabalho precário é, pois, uma expressão importante de caridade,
devendo se manifestar pela atuação organizada dos cristãos leigos e leigas”
42
Diante de tais considerações, por fim, destaca-se a importância das pastorais sociais
na Igreja, como é o caso específico da Pastoral Operária, fazendo-se ainda mais
iluminadoras as palavras do profeta, que diz: “Administrai a justiça e livrai o explorado da
mão do opressor” (Jr 21,12).
38 Sobre essa Campanha, consultar: https://cnbbsul1.org.br/32847-2/. Acesso em 07 set. 2022.
39 Disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/2022/04/25/https-pastoraloperaria-org-br-2022-04-25-campanha-
contra-ntes-de-trabalho/. Acesso em: 07 set. 2022.
40 Segundo consta no item PO no Brasil do site da Pastoral Operária, ela está presente em pelo menos 15 Estados do
país. Disponível em: https://pastoraloperaria.org.br/. Acesso em: 07 set. 2022.
41 CNBB. A missão da pastoral social, número 2, p. 36-37.
42 CNBB. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil: 2019-2023, n.106.
MESSIAS, Elvis Rezende
A Pastoral Operária no Brasil: Uma descrição a partir da Doutrina Social da Igreja sobre as pastorais sociais
Revista Teopráxis,
Passo Fundo, v.39, n.133, p. 81-95, Jul./Dez./2022. ISSN On-line: 2763-5201.
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A Pastoral Operária no Brasil: Uma descrição a partir da Doutrina Social da Igreja sobre as pastorais sociais
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