119
Revista Teopráxis, Passo Fundo, vol.37, n.129, Jul./Dez./2020, ISSN: 2763-5201
Este artigo está licenciado com a licença: Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
conforme ele mesmo prometeu: “Onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, estarei no meio deles” (Mt 18,20).
Aliás, os fiéis nunca deixaram de fazer da casa, de alguma
maneira, um lugar de viver e celebrar a fé. É muito comum
encontrar nas casas, sobretudo dos pobres, um altarzinho, uma
imagem, uma vela e a prática diária da oração, em geral, com
expressões da piedade popular já que a liturgia se tornou
inacessível ao povo. Daqui podemos começar a partir da
herança de nossos pais e avós. Quantos e quantas de nós não se
recorda do diminuto ofício cotidiano, da manhã e da noite,
“com Deus me deito, com Deus me levanto, com a graça de
Deus e o Divino Espírito Santo”?
Aos poucos podemos ir desenvolvendo uma liturgia
doméstica, feita de pequenos ritos em estilo simples, presidida
pela mãe ou por outra pessoa da família. Por esta celebração
podemos alegrar-nos na presença de Jesus, escutar e meditar a
sua palavra e, junto com Jesus, erguer ao Pai os nossos corações
em preces, partilhar um pão em ação de graças, invocar uma
benção. É uma liturgia que pode renovar a esperança e a
confiança de que Deus não nos abandona, mesmo quando a
morte nos ameaça.
A liturgia doméstica se adapta ao espaço da casa, buscando
nela o melhor para se criar um círculo, seja na sala, ou numa
varanda, ou num terraço, ou no quintal... Em qualquer caso, é
importante cuidar que as pessoas estejam confortáveis e unidas
entre si. Se for dentro de casa é importante estabelecer um
ponto de referência que pode ser uma vela, a bíblia, um ícone
ou a cruz, uma flor, sobre uma mesinha ou sobre um tecido
posto no chão. Não se trata de transportar para a casa o modelo
da igreja maior. Mas o espaço organizado e bonito, ainda que
com toda a simplicidade, corresponde à linguagem própria da
liturgia que expressa a fé por meio de sinais sensíveis (cf. SC 7).
Na casa, talvez o espaço mais sagrado, seja a mesa, onde
todos se encontram para partilhar o pão, dom de Deus e fruto