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CIÊNCIA, PRÁTICA DE JESUS E
FORMAÇÃO HUMANA
SCIENCE, JESUS 
PRACTICE AND
HUMAN FORMATION
Rodinei Balbinot*
Resumo: O presente artigo pretende tratar da formação humana
considerando, de um lado, sumariamente, algumas das conquistas mais
recentes da ciência a respeito da inteligência e, de outro, alguns referenciais
da prática de Jesus que demonstram suas habilidades formativas no uso
integrado da inteligência. As pesquisas recentes da neurociência mostram
que nosso cérebro sempre atua como um todo e recruta dinamicamente os
neurônios, em todas as partes do cérebro, para cada ação que realizamos.
Aquilo que, ao longo do século passado, foi se chamando de i nt eli g ê nci as ,
em termos pedagógico-formativos, precisamos tratar como dimensões de
uma mesma inteligência humana. Daí a importância de considerarmos, nos
processos formativos, todas as dimensões, caso desejarmos falar em
formação ou educação integral. Para tratar da temática, após uma breve
introdução, anunciaremos a dimensão da inteligência de acordo com a
pesquisa científica para, em s e g u ida, averiguarmos como Jesus lidava com
os processos formativos na vida cotidiana para des envolve r cada dimensão,
relacionada com as outras. Nas considerações finais, apenas nos caberá
reconhecer que ainda vivemos rodeados por mistérios com os quais
flertamos para avançar ainda mais na aventura do conhecimento.
Palavras-chave:Formação. I nte li g ê nci a. Educação. Je su s . Ciência.
Abstract: The present article intends to deal with human formation considering,
on the one hand, some of the most recent achievements of science regarding
intelligence and, on the other, some references of Jesus' practices that demonstrate
His skills in the integrated use of intelligence. Rece nt neuroscience research shows
that our brain always acts as a whole and dynamically recruits neurons, from all i ts
parts for every action we take. What, over the last centu ry, has been called
intelligence, in pedagogical-formative terms, we need to consider as di mens i ons of
the same human intelligence. Hence it is important to consider all dimensions in
the formative processes w h e n we think about integral educat ion and formation.
To devolve the subject, after a brief introduction, we will review the dimension of
intelligence according to scientif i c research, and examine how Jesus dealt with the
formative processes in daily life to develop each dimension, related to the others.
In the final remarks, we wi ll only re c og nize that we still live surrounded by
mysteries with which we flirt to go even further in the adventure of knowledge.
Keywords: Formation. Intelligence. Education. Jesus. Science.
v. 38, n. 130, Passo Fundo,
p. 95-104, Jan./Jun./2021,
ISSN on-line: 2763-5201
DOI: dx.doi.org/10.52451/teopraxis.v38i130.37
* Possui mestrado em Educação pela
Universidade de Passo Fundo (2005), Pós-
Graduação e m Administração de Empresas
pela Fundação Getúlio Vargas (2010),
aperfeiçoamento em educação pela
Universidade de Passo Fundo (2003),
graduação em Filosofia pela Fundação
Educacional de Brus qu e (1995) e graduação
em Teologia pelo I nst i tu t o de Teologia e
Pastoral de Passo Fundo (1999). Foi diretor e
gestor do Instituto de Teologia e Pastoral de
Passo Fundo de maio de 2005 a março de
2008, onde coordenou o processo de
Credenciamento da IES junto ao MEC, bem
como o processo de autorização do Curso de
Teologia Pastoral. Nesta instituição também
coordenou a pós -g radu ação em Metodologia
do Ensino Religioso e a pós-graduação em
Metodologia Pastoral. É colunista da Revista
Paróquias e Casas Religiosas e do Jornal
Diocesano de Chapecó. É diretor geral da
Rede Santa Paulina - Educação. Fundador da
Empresa Sapiência Desenvolvimento
profissional e gerencial, que atua
exclusivamente no segmento educacional.
E-mail: rodineibalbi not@ bol. com. br
https://orcid.org/0000-0002-7246-0319
Recebido em 29/09/20
Aprovado em 22/12/20
96
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Antes de entrarmos na temática deste artigo, gostaria de expressar minha gratidão ao
Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo ITEPA, pela imensa contribuição em
minha trajetória formativa. Fui aluno, de 1996 a 1999; profe ss or, d e 2 0 02 a 2008; diretor,
de 2005 a 2007. Teste mu nh e i , ao longo desses anos, a excelência com que o Institut o trata
a questão da formação humana em todas as suas dimensões. Louvemos a Deus pelas
maravilhas que realiza por meio do ITEPA.
O tema em questão é sempre atual, ao menos por dois moti vos : a) porque Deus
sempre se revela, é sempre jovem e está a m ani f es t ar as potencialidades do Espírito na
criação; b) porqu e o ser humano é um ser de transcendência, e a formação humana, no
contexto atual de crise socioambiental, adquire importância e urgência inadiável, como
bem diss e a Declaração Gravissimum Educationis
1
, sobre a Edu c ação Cristã, do Concílio
Ecumênico Vaticano II, em 1965.
O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, em 13 de março de 2013, tem
pautado o tema e dado a ele visibilidade internacional. Em 2019, convocou toda a
humanidade e os cristãos, de modo especial, para Reconstruir o Pacto Educativo pe la
Educação
2
, sob a ideia de que vivemos em uma aldeia global. Resgatando um sábio
provérbio africano, que diz que para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira,
Francisco propõe que a educação é tarefa de toda a humanidade. Não nos serve uma
concepção de e du c ação/f or mação que se detenha nos aspectos instrum en tai s da vida.
Temos de av ança r para uma proposta que con si de re o ser humano, sua integridade,
dignidade e liberdade. Deste modo, o pacto pela educação/formação pass a pela formação
integral, que abrange a integralidade humana e, assim, tome também a inteligência de
modo integral, não compartimentada. Desejamos uma educação/formação que leve em
conta as principais conquistas da ciência e gere vida em abundância para todos (Jo 10,1 0) .
A ciência, e xc e ss i va e até escandalosamente, experi me nt al e técnica esqueceu a
humanização no subsolo. O mesmo se pode dizer da razão abst rat a, que abandonou o
mundo sensível, emocional e espiri t ua l no porão da vida e lançou-se ao sótão para granjear
somente com a ideia. acusações a ambas no tri bu n al d a formação e do conhecimento, de
modo a termos de sempre perguntar sobre o papel da ciência e do conhecimento nos
processos de vida. A própria ciência tem feito o papel de revisar-se a si mesma.
Os estudos dos últimos dois séculos desvelaram várias formas de inteligência,
relacionadas a re g i õe s distintas do re bro e acionadas por diferentes formas de relações,
mas que, de alguma forma, incide m umas às outras em uma única experiência formativa. O
desvendamento das inteligências abriu várias portas para dar mais emoção à formação e
devolver a ela o sabor da integralidade. Mas ainda u m longo caminho a ser percorrido,
de modo especial no que diz respeit o à chamada formação integral, qu e estaria por supor
uma inteligência integral e uma concepção do ser humano em sua integridade. Em termos
pedagógicos, não podemos tomar a inteligência de modo compartimentad o, pois
formamos pessoas, que não podem ser divididas. Neste artigo, esboçaremos de modo
sumário
3
, inicialmente, o que a ciência tem i ndi c ado quanto às inteligências para, em
1 Disponível em http://www.vatican. va/ar ch iv e /hi s t_c ou nc ils /i i_v at ic an_c ou nci l/d ocu me n ts /vat -i i _de cl_ 19 65 1 02 8 _
gravissimum-educationis_po.html. Acesso em 19.10.2020.
2 Disponível em http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2019/documents/papa-francesco
_20190912_messaggio-patto-educativo.html. Acesso em 19.10.2020.
3 Não es paç o aqui para aprofundarmos as pesqu i sa s sobre a inteligência. Empreitada essa que est á em andamento
em uma obra maior, no prelo, cujo título provisório é Reencantar-se com o conhecimento. Aqui somente anunciaremos a
descoberta da inteligência para situá-la no tempo e na pesquisa científica.
BALBINOT, Rodinei.
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Revista Teopráxis,
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seguida, bu s car mos referências na prática de Jesus , na forma como conduzia os processos
formativos, como uma inspiração para as práticas formativas atuais.
1 DIMENSÃO INTELECTUAL DA INTELIGÊNCIA:SERES DE CONHECIMENTO
Em 1905, o governo francês, com o propósito de organizar um sistema gradual de
ensino, encomendou ao psicólogo e pedagogo Alfred Binet (1857-1911) a elaboração de
um teste que possi bi li tas s e medir a inteligência das crianças e class if i c á-las por ano ou
grupos. E m 1907, Binet e Théodore Simon (1872-1961) publicaram, na LAnnée
Psychologic
4
, um esboço de suas pesquisas sobre O desenvolvimento da i nt e ligência nas
crianças, colocando-se no meio de uma polêmica de seu tempo sobre a possibilidade de s e
medir a inteligência. Enquanto alguns se dedicavam a e ng ros s ar a polêmica, Binet e Simon
se entregavam a pesquisas para tornar isso viável. Em 2011 publicam Testes para medida do
desenvolvimento da inteligência das crianças, onde referenciam descriti vos para avaliar o
desenvolvimento e a inteligência de crianças a partir dos 3 anos at é os 15 e, também,
critérios para adultos. Está posta a base dos famosos testes de QI - Quociente de Inteligência,
focados no conheci me nt o intelectual, amplamente utilizados, durante praticamente todo o
século XX, para medir a inteligência, classificar alunos e até mesmo para contratar
profissionais
5
. Esse foi o início de praticament e um século de pesquisas educaci onai s
ligadas à ciência da cognição, que marcou, entre outros, teóricos como Lev Vigotski, Jean
Piaget, Howard Gardner. Este último, pai das chamadas inteligências múlti plas .
Desde as pesqu i s as de Binet e Simon a Inteligê nc ia Intelectual ocupou a preocupação
das escolas e universidades, de maneira quase que exclusiva. algum tempo, porém, vem
sendo questionada e posta ao lado d e outras dime ns õe s igu alme n te import ant e s e
necessárias para o desenvolv im e nt o integral do ser humano. Cresce também a ideia de que
a Inteligência Inte le c t ual precisa ser desenvolvida em relação com outras intel ig ê nc ia s,
pois, concebida somente sobre si mesma, d e sc amba para um conteúdo frio, sem sabor, sem
sentido e conduz à formação pelo caminho da inst ru me nt ali zaç ão ou da tecnociência.
Pessoas que têm alta Inteligência Intelec tu al e bai xa i nt e li n ci a s oc ial podem f az e r c e rto o
que é errado, causando grandes de sg raç as, como as que conhecemos na his ria da
humanidade recente.
Quando olhamos para Jesus, percebemos sua profunda Inteligência Intelectual e a
perspicácia em utilizá-la para o exercício de sua missão, integrada a outras formas de
inteligência: fazer a vontade de Deus, que era a de gerar vida para todos. Ele conhece muito
bem as Escrituras, fundamento principal da e da sociedade religiosa judaica de seu
tempo. É o que lhe permite di alog ar, refletir e discutir com doutores da lei, aqu e le s que se
dedicavam quase que exclusivamente ao es tu d o e à interpretação das Escrituras. Quando
um desses especialistas indaga a Jesus sobre o que deveria fazer para conseguir como
herança a vida eterna, Jesus lhe devolve o questionamento para que possa revisitar seus
conhecimentos: Que está escri t o na Lei? Como lês? (Lc 10,26). Certamente, o especialista
se sentiu valorizado e tratou logo de dar a resposta citando o maior dos mandamentos:
Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força
e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo (Lc 10,27). O especialista
não é apenas assert i vo na resposta, como a postula de um modo irrepreensível. Notemos
que o amor se com a integralidade do ser e da inteligência: corpo (força), coração
(sentimentos, emoções), alma (es pír it o, sentido maior), entendimento (intelecto). O
4 Anuário da Psicologia - uma espécie de resumo das pesquisas da área da psicologia.
5 Ver Alfred BINET. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4661.pdf. Acesso em
01.10.2020. Texto: Testes para medida do dese nvo lvi me nt o da inteligência nas crianças, entre as páginas 77 e 80.
BALBINOT, Rodinei.
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especialista sabe q u e não basta amar somente com o entendimento, é necessário um amor
integral. Portanto, não havia nada a reparar na resposta. Jesus, por isso, apenas diz: faze
isso e viverás ( Lc 10,28). A conclusão de Jesus é, ao mesmo tempo, um reconhecimento ao
conhecimento do doutor da lei e uma provocação para que o saber dele se transforme em
ação para gerar vida.
inúmeras outras passagens bíblicas nas quais Jesus demonstra as habilid ade s da
Inteligência Intelectual. Ele parte sempre das nec e ss i dade s , de uma questão limite, de uma
situação proble ma : a multidão faminta, os doentes, as súplicas, as perguntas e inquietações,
as aflições, os problemas cotidianos, os sofrimentos. Reflete sobre a situação utilizando-s e
das referências da Torá (Lei) e Profetas, que era a referência fundamental do conhecimento
judaico e, por diversos meios, envolvendo sempre as pessoas: parábolas, di s cu rs os, práticas,
análise de situações, comparações, citações, costumes, diálogos, questionamentos,
condução de processos como no caso de Emaús. Postula e indica para a solução de
problemas: cura, responde, conduz, mobiliza, liberta, provoca discernimento e mudança,
converte.
2 DIMENSÃO EMOCIONAL DA INTELIGÊNCIA:SERES DE EMPATIA
Na história humana, assim como nas relações, parece que as emoções atingem o
estômago antes que as ideias cheg ue m ao intelecto
6
. Os últimos 50 anos têm sido inte ns os e
conturbados no que diz respeito à economia emocional pessoal e coletiva. Houve me s mo
quem anunciasse que a doença d o século XXI seria a depressão, tamanha a pressão
emocional a que o frênesi cotidiano expõe as pessoas. Estaríamos doentes de nós mesmos .
O certo é que assistimos a uma desenfreada ebulição de questõe s e problemas
emocionais, junto com os quais também proliferam pesquisas a respeito e u m mar de
literatura de autoajuda. Se, no século XX, houve desc obe rt as que trouxe ram à luz as
variadas pote nci ali dad e s humanas relacionadas à base cerebral, t rans ce nd e ndo o aspecto da
cognição, esse interesse se multiplicou nos últimos 50 anos. As novas tecnologias abriram
novas possibilidades às pesquisas: Elas tornaram visível, pela primeira vez na história
humana, o que sempre foi um grande mistério: como atua essa intrincad a quantidade de
células enquanto pensamos e sentimos, imaginamos e sonhamos
7
.
No decorrer do século XX houve diversas pesquisas que bater am na porta da
inteligência emocional. O te rmo Inteligência emocional surge na década de 1920, pelo
psicólogo e pesquisador norte-americano Edward Thorndike (1874- 19 4 9) . Thorndike
notou que a eficiência interpessoal era de importância vital para o sucesso em muitas áreas,
sobretudo na liderança (In: GOLEMAN, 2019, p. 10 6 ). Os avanços na investigação da
mente e das inteligê n ci as foram abrindo novos horizontes, mesmo que muit as ainda
permanecessem filiadas à cognição. Foi por Daniel Goleman, psi cólog o e jornalista
científico, que essa nova des cob e rta foi conhecida no mundo todo, com a public ão de seu
livro Inteligência emocional (1995).
A descoberta é que, quando se trata de decisões e ações, desde as mais simples como
as mais complexas e importantes, a emoção pesa tanto quanto a razão (GOLEMAN,
2012, p. 30). A emoção não é um desvio da razão, senão uma forma de inteligência, talvez
mais antiga que a intelectual. Todas as emoç õe s são, em essência , i mpu ls os , l e gad os pela
evolução, para uma ação im e di ata, para planejamentos instantâneos que visam a lidar com
6 Daniel GOLEMAN, Inteligência emocional, p.36, mostra que exis ti u um cérebro emocional mui t o antes do
surgimento do cérebro racional.
7 Daniel GOLEM A N, Inteligência emocional, p.23.
BALBINOT, Rodinei.
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a vida. A própria raiz da palavra emoção é do latim movere mover acres ci da d o pre f i xo
e-, que denota af as ta r-se , o que significa que em qualquer emoção est á implícita a
propensão para um agir imediato
8
. À vista disso, as emoções influenciam mais em nossa
vida do que podemos perceber.
A síntese da IE apresentada por Goleman mostra qu e um indivíduo emocionalmente
inteligente pratica, ao mesmo tempo, autoconsciência e autogestão, consciência social e
gerenciamento dos relacionamentos. Ou seja, conhece as suas próprias emoções, sentimentos,
os administra, agindo sobre e le s e tem consciência das su as relações, gerenciando-as. Em
poucas palavras, tem autodomínio e capacidade para gerenciar as relações
9
.
Em Mateus ( 4 ,1 -1 1) , após Jesus ter sido batizado, o Espírito o conduz ao dese rt o,
para ser tentado pelo diabo (Mt 4, 1) . Deserto, na Bíblia, é local de transf orma ção, de
mudança, de revisitar as questões fundamentais da vida e ressignificar o modo de ser. É no
deserto que Moisés vive a experiência do encontro com Deus na montanha (Êx 3,1-6). O
povo de Deus, despois de sair da situação de escravidão do Egi to, passa pelo deserto, onde
reconstrói as bases sociais, religiosas, políticas e econômicas da sociedade (Êx 16;18; 19 ; 20;
21). Jesus passa quarenta dias no desert o, assim como o povo passou quarenta anos.
Quarenta é um número simbólico, sign if i ca um tempo necessário e oportuno. No de se rt o
Jesus vai passar pelo test e da autoconsciência, da autorresponsabilidade, do autocontrole.
O diabo acusador, que pretende dividi r, criar conflitos propõe a ele os benef íc io s do
poder, do di nh e ir o e do prazer. Ser rico, ser controlador do mundo e ser feliz o que mais
alguém poderia dese j ar? São as te nt açõe s da existência, que podem ser pagas com o preço
do isolamento, do vazio e da tristeza. Jesu s precisará responder por si mesmo, com
autorresponsabilidade. É o que faz, mantendo-se firme na doação, na humildade, no
serviço. Eis que, então, o diabo o deixa, e os anjos passam a servi-lo.
Este diálogo interior Jesus o manterá ao longo de sua vida em missão. Seguidamente
vemos Jesus subir a montanha ou apartar-s e do grupo para descansar, meditar e rezar.
Especialmente quando tem de tomar uma decisão importante, como quando se
transfigurou (Mt 17,1-8), quando queriam fazê-lo rei por ter alimentado a multidão (Jo
6,15), quando estava prestes a ser preso, no Getsêmani (Mc 14,32-36). A vida de Je s u s será
deserto (autorreflexão, medit ação) , planície (missão, ação-reflexão-ação), montanha
(oração, contemplação), manancial/fonte (experiência profunda de Deus).
3 DIMENSÃO SOCIAL DA INTELIGÊNCIA:SERES DE SOLIDARIEDADE
O s estudos de Goleman sobre a IE o conduziram à perceão de outra d imensão
da inteligência, relacionada tanto à in te lectua l como à e mocional, mas com
característic as próprias, que o levar am à ideia de que fomos programados para nos
conectar
10
. Nosso cérebro, ao longo da evolução, foi sendo preparado para os
relacionamentos. É ineg ável, pelas nossas pprias e xperiências de i nteração social,
que os encontros, as relões, os contatos entre as pessoas geram reações quase que
e spontâneas, sobre as quais temos pouco controle. Uma pessoa ri e, sem mesmo
conhecê -la e sem poder controlar, sorrimos de volta, mesmo que timidamente. Vemos
u ma pessoa irritada e franzimos a te st a. O encontro emocionado de pessoas q ue há
tem po não se viam, tamm nos toca as entranhas. Ao que parece, s ofremos de
e ncontros, ou seja, as relões provocam nosso corpo e nossa mente de um modo todo
8 Daniel GOLEMA N, Inteligência emocional, p.32.
9 Daniel GOLEMA N, Inteligência emocional, p.27 .
10 D ani el GOLEMAN, In te ligência soc ia l, p.10.
BALBINOT, Rodinei.
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e special, q ue n ão viv emos e m outras experncias. Somos equipados com um dulo
social. D vem a ques tão: qual a qmica de um encontro? O que de especial e singular
acontece na psicologia de duas pessoas juntas?
Como bem expressa as emoções são contagiosas e a transmissão acont e ce sem que
nos demos c ont a. Algumas mensagen s emocionais são viscerais, sentimos primeiro nas
entranhas e somente depois é que as processamos no pensamento. E t amb é m
sentimentos viscerais que não consegu im os compreender
11
. A descoberta dessa dupla
forma de comunicação, uma direta e muitas vezes i nc ons ci e nt e e a ou t ra processada pe lo
intelecto, conduziu Goleman a c ons i de rar que nosso cérebro social possui uma estrada
principal (consciente) e um atalho, por onde transitam as mensagens que se manifestam
em sentimentos e emoções das relações antes que o intelecto possa process á-las .
Essa estrada secundária, o atalho, é o circuito que opera abaixo da nossa consciê nc ia,
automaticamente e sem esforço, a uma imensa veloc i dade . A maior parte do que faz e mos
parece ser comandada por colossais redes neurais que atuam nesse atalho principalmente
em nossa vida emocional. Quan do ficamos encantados com um rosto atraente, ou
percebemos o sarcasmo em um comentário, é graças a esse atalho
12
.
A IE tem base biológica cerebral, mas, assim como as outra s, precisa ser
desenvolvida para que potencialize a e xi st ê nc ia humana, bem como a busca da formação
integral. O desenvolvimento dessa forma de inteligência se relaciona ao trabalho formativo
que mobilize e aperfeiçoe tanto a capacidade de sentir os outros como a de agir sobre o q u e
sentimos para possibilitar crescimento mútuo nu ma espécie de sensibilidade pedagógica
compartilhada. Daí a conclusão de que somos s er es de empatia e temos genes de
solidariedade. O bem também é contagios o e quando ve mos alguém fazendo um ato de
misericórdia sentimos a inclinação a participar.
É interessante notar como os evange lhos m ostram, com c er ta a bunncia, a
e mpatia e a compaixão de J esus . Ao chegar em Benia e ver o drama de Marta e
Maria, que acabavam de perder o irmão, Lázaro, Jesus entra numa sintonia
compassiva que impressiona. Os judeus tamm estavam na casa delas, mas para
consolar, uma espécie de r esposta racional para uma perda emocional. Antes de tudo,
Jes us vive a em patia. Ao ver Maria chorar, Jesus c omoveu-se e ficou perturbado (Jo
11, 33). As perguntar onde o haviam colocado, Jesus chorou. Ao se d irigir ao
sepul cro, Jesus comoveu-se de novo. , em Jesus, uma admivel capacidade de sentir
com o outro. É o que vemos tamm em muitas outras passagens. Ao ver a multio,
Jes us teve compaio, pois percebeu que estava cansada e abatida como ovelha sem
pastor (Mt 9,36); é o mesmo que sente quando vê a multidão que há ts dias o
come (Mt 15,32). Ao ver o cortejo fúnebre do único filho da vva, na ci dade de Naim,
Jes us ficou comovido e disse: o chore s (Lc 7,13). Ficou admirado também com a
g rande fé do oficial romano que pedia p or seu servo (Lc 7,9). Em Jerusalém, Jesus
u m invisível enfermo que havia trinta e oito anos aguardava por um milagre na
pisci na de Bete sda, lhe ateão, conversa para saber a suas necessidades e, ao ver
tamanho sofrimento, diz: Levanta-te, toma teu leito e a nda! ( Jo 5,8).
11 Uma emoção pode passar silenciosamente de uma pessoa para a outra sem que nenhuma das d uas perceba de forma
consciente (Daniel GOLEMAN, Inteligência Social, p.27).
12 D ani el GOLEMAN, In te ligência So ci al, p.27.
BALBINOT, Rodinei.
Ciência,pticadeJesus e formão humana
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4 DIMENSÃO ESPIRITUAL DA INTELIGÊNCIA:SERES DE ESPIRITUALIDADE
Às pesquisas sobre a inteligên ci a não passou desperce bi da a agitação neural de uma
área do cérebro quando se t rat ava de q u e st õe s existenciais fundamentais, como por q e
para q viver, o que realmente importa, q u ais as razõe s fundamentais pelas quais vivemos,
em uma palavra, qual o sentido da vida. Junto à inteligência lógico-ma te mát i ca,
sistemática, procedimental, e à que mobiliza a sensação e a comunicação emocional
começou a ganhar forma a existência de uma inteligência criativa-integradora, que pode
capacitar o ser humano a buscar e viver um sentido mais profundo da vida, a busca da
transcendência e o enfre nt ame nt o equilibrado das adversidades. Foi o que se chamou de
Ponto Deus no cérebro
13
e, em seguida, de inteligência espiritual.
Se nosso cérebro pudesse ser comparado a um software, este seria equipado, por
natureza, com um módulo Deus sem o qual os outros módulos também não funcionariam
direito. Seria um daqueles módulos sem os quais o sistema ficaria comprome t id o. Danah
Zohar e Ian Marschall
14
observaram em suas pe s qu i s as que, quando as pessoas vivem ou
tratam de questõe s caras de sua existência, como quando são confrontadas com situações
limite ou pensam no para que vivem, são percebidas oscilações de ondas em todo o seu
cérebro, fazendo confluir de modo especial ao lobo temporal
15
, onde estari a o chamado
ponto Deus. O ponto Deus não prova a existência de Deus, mas, de fato, demonstra que o
cérebro evoluiu para fazer as perguntas finais, para ter e usar a sensibilidade para sentid o e
valores mais amplos
16
.
A inteligência espiritual é resultado de um longo proces so genético-social evolutivo.
Um módulo cerebral intimamente interligado aos outros que usamos para li dar com
problemas existenciais; é ele que nos le va ao âmago das coisas, à unid ade por trás da
diferença, ao potencial além de qualquer expressão concreta. Esta forma de int el ig ê nc i a
nos capacita para sermos mais humildes, flexíveis, resilientes, ter propósito, percepção
holística, sinergia intra e interpessoal, autoconsciência e au t orre s pons abi lid ade . Para Zohar
e Marshall, usamos a inteligência espiritual para lidar com os problemas existenciais
17
,
que nos leva ao âmago das coisas, à unidade por trás da diferença, ao potencial além de
qualquer expressão concreta (...), permi te integrar o intrapessoal com o interpes s oal,
transcender o abismo entre o eu e o outro (...), ajuda-nos a le var a vida em um nível mais
profundo de sentido
18
. Os autores chegam a dizer que a crise fun dame nt al do nosso
tempo é de natureza espiritual
19
.
Conta o evange lh o de Lucas que, estando Jesus em viagem, entrou num povoado
(Betânia), sendo recebido pelas irmãs Marta e Maria. Enquanto Marta se ocupava com os
afazeres da casa, provavelmente, preparando a hospedagem e um a boa c omi da pa ra o
visitante, Maria se pôs a escutar Jes us , para a indignação da primeira. Parecia-lhe injusto
que, enquanto se debatia com tudo o que fazer, a outra ficasse de boa, ouvindo o Mestre. E
Marta, e m vez de se di ri g ir a Maria, sua irm ã, em segredo, interpela Jesus em tom de
repreensão: Senhor, a ti não importa que minha ir me deixe assim sozinha a fazer o
13 Os neurobiólogos Michael Persinger e Vilayanu S. Ramachandran, depois de testes, pesquisas e e xpe rim e nt os de
acionamento dos lobos temporais do cérebro, durante a década de 1990, batizaram esta área de ponto Deus.
Quando ela é ativada, as pessoas vivem experiências religiosas transformadoras.
14 Zohar é professora de Liderança Estratégica na Universidade de Oxford, especialista em Ps ic olog i a e Filosofia. E
Marshall formou-se em Psicologia, Filosof i a e Medicina e, atualmente, é psiquiatra e psicot e rape u ta da Universidade
de Londres. São casados.
15 Es tru t u ra cerebral responsáve l pelo processamento da memória.
16 D anah ZOHAR e Ian MARSHALL, Inteligência espiritual, p.25.
17 Danah ZOHAR e Ian MARSHALL, Inteligência espiritual, p.27.
18 D anah ZOHAR e Ian MARSHALL, Inteligência espiritual, p.27-28.
19 D anah ZOHAR e Ian MARSHALL, Inteligência espiritual, p.33.
BALBINOT, Rodinei.
Ciência,pticadeJesus e formão humana
Revista Teopráxis,
PassoFundo,v.38, n.130, p.95-104, Jan./Jun./2021. ISSNon-line: 2763-5201.
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serviço? Dize-lhe, pois, que me ajude? Jesus não entra na pilha de Marta, pois compreendeu o
seu problema e a sua indignação. Ela está toda voltada para o que tem a fazer, na verdade, são
as atividades que têm Marta, não ela as atividades. A questão não é propriamente o fazer,
mas fazer o que precisa ser feito, o que traz vida. Jesus afirma: Marta, Marta, tu te inquietas e
te agitas por muitas coisas, no entanto, pouca coisa é necessária, até mesmo uma (Lc
10,41). Esse trecho, no evangelho de Lucas, vem logo depois da parábola do bom samaritano,
onde Jesus repõe a prática do mandamento do amor como a porta para a vida eterna. A
intenção de Jesus é reconduzir Marta ao que realmente importa, a partir do qual tudo o mais
terá sentido, até mesmo os pequenos afazeres da casa. Em nosso tempo de excessivas
agitações e inquietações por muitas coisas, o conselho de Jesus a Marta nos serve de
referência. Na formação, pelas muitas atividades, muitas vezes nos perdemos no que
deveríamos nos encontrar. É necessário repor a essencialidade, a integralidade.
5 DIMENSÃO CULTURAL DA INTELIGÊNCIA:SERES DE CULTURA
Quando nos reportamos à história da humanid ade , à primeira vista, parece t e r
havido um movimento linear de evolução em um único grupo de hominíde os a partir de
um determinado local, qu e foi aos poucos e g radu alme n te se espalhando por todo o planeta
e se adaptando ao clima e ao ambiente. Descende amos , então, de uma única cepa e
seríamos uma grande família. Mas a aparente homogeneidade revela grande diversidade
desde as origens, que é far tam en te percebida através da hist óri a e ainda hoje nas diferenças
culturais e linguísticas. O que uniria a espécie seria esta ampla potencialidade de saber que
sabe e que não sabe, regada de emoções, de desejos, necessidades, son hos , motivos, causas,
sentidos e diferenças.
Cultura, em sentido abrangente, é toda e qualquer produção humana. Os animais
procuram abrigo e têm f ormas de sobreviver. O ser humano, além diss o, faz de seu abrigo
um lar, constrói e aperfeiçoa a sua moradia, a que chama de casa. Os animais utilizam
artefatos simples como aux íli o para algumas tarefas, como pedras para quebrar nozes. Os
seres humanos produ ze m grande diversidade de instrumentos, artefatos, recursos e
materiais para utilizarem como suporte de seu modus vivendi. Ao tomar uma árvore e
confeccionar um instrumento ao qual se chama cadeira e dando a ele uma utilidade, o ser
humano está criando cultura. Não surgem ape na s novos instrumentos, mas acompanha-os
os significad os. Eis a cultura em seu se n ti do mais origi nári o: a criação de instru me nt os,
recursos, utensílios, significados, normas, cultos, ritos, sentimentos, emoções, gestos,
narrativas... que sustentam a existência.
As diferenças culturais foram e são motivos de diálogo e conflitos. No livro de Atos
dos Apóstolos, capítulo 15, ve mos aquilo que se tem como o primeiro Concílio da Igreja
Cristã. O ponto da discórdia é a atitude de Paulo e seus colaboradores, que avançaram para
a Ásia Menor, anunciand o a mensagem de Jesus Cristo ao mundo greco-romano e não
exigindo a circu nc is ão aos batizados costume do povo judeu. Temos aí, também, uma
decisão significativa sobre o aspecto da interculturalidade: após discussão em assembleia,
os apóstolos decidem que não é necessário exigir aos batizados a circuncisão e, desde que se
abstenham de comer a carne imolada aos ídolos, podem ser batizados.
outras passagens bíblicas que podem ser tomadas como sinal de inteligência cultural
e seu desenvolvimento. Em Mateus (15,21-28) vemos Jesus entrando no território de Tiro e
Sidônia, habitado por gentios, tidos pelos judeus como es
20
. Uma mulher daquela rego
(cananeia), suplica compaixão por sua filha que, segundo ela, estava fora de si, endemoninhada.
20 F ili pe ns e s 3,2 pede Cuidado com os cães.
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A princípio, Jesus o a nima para ela, e os discípulos, vendo que insistisse, tentam
persuadir Jesus a despedi-la. Jesus diz aos dispulos que foi enviado às ovelhas perdidas da casa
de Israel apegando-se a uma visão cultural sobre a promessa de um messias para os judeus. A
mulher, todavia, aproxima-se, prostra-se e suplica. Ela, por conta de suas necessidades, põe-se
em condição de abertura e humildade. Jesus insiste no argumento da cultura e diz o ser justo
tirar o o dos filhos (judeus) para dar aos cães (gentios). A mulher o se por vencida e
implora pelas migalhas. Jesus reconhece a grandeza da sua e atende à sua prece.
Um dos mais belos textos dos evangelhos é o encontro e o diálogo de Jesus com a
Samaritana (Jo 4). Ele também revela nuances profundas da inteligência cultural. Os judeus
tinham conflito antigo com os samaritanos, que eram considerados idólatras, uma das
maiores abominações para os judeus. A caminho, passando aos arredores de Sicar, enquanto
os discípulos se ocupam em comprar rapidamente alimentos para seguir viagem, Jesus se
aproxima do poço que saciava a sede daquela cidade. Era próximo ao meio-dia. Geralmente,
as mulheres buscavam água pela man e à noite. Contudo, naquele dia, uma mulher
apareceu justo no momento em que se encontrava Jesus. É possível que, vendo Jesus, um
judeu, e sabendo das desavenças, a mulher deva ter se apressado para pegar a água e sair logo
do local. Mas algo inesperado acontece: Jesus pede de beber. Um sinal de reconhecimento do
outro, de abertura cultural e de necessidade de ajuda. A mulher estranha sobremaneira. Os
judeus tradicionais jamais falariam com uma mulher estrangeira em público, quanto mais
com uma samaritana. Jesus, todavia, não apenas fala com ela, ele pede água. O poço, para
aquela cidade, não era apenas uma fonte de subsistência, significava também uma fonte de
sentido: era o que o patriarca Ja havia deixado como herança. Jesus, portanto, não está a
pedir apenas água, ele pede troca. Por óbvio, reação da mulher, que tenta dissuadi-lo em
tom de estranhamento: Como, sendo judeu, tu me pedes de beber a mim que sou
samaritana? (Jo 4,9). Então, inicia-se um diálogo intercultural que parte da cultura de cada
um, mas a transcende para algo que está além delas, nem somente em uma, nem somente na
outra, mas em espírito e verdade
21
. A mulher, que antes estava sedenta, pois não esperou o
tardar do dia para buscar a água, esqueceu até mesmo o cântaro e voltou apressadamente à
cidadã para contar a boa nova da mensagem daquele judeu que, sem aquele encontro
intercultural, seria enxotado da cidade. Os discípulos, em decorrência de verem Jesus junto ao
poço falando com uma mulher samaritana, ficaram perplexos. E, para quem desejaria apenas
passar depressa pela cidade, de preferência sem serem vistos, entram e ficam dois dias na
cidade (Jo 4,43). Certamente, depois desse encontro, tanto a visão de Jesus e seus discípulos,
quanto a dos samaritanos mudou sobremaneira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jesus indica caminhos para a formação integral, que supõe uma visão també m
integral da inteligência e uma organização pedagógica q u e conta de desenvolvê- la
também integradamente. As pes q ui s as avançam na direção de mos trar que, em uma única
ação são requisitados neurônios de diferentes regiões do cérebro e, em tentativas ulteriores
de reproduzir essa mesma ação outros e diferentes neurônios são envolvidos, o que aponta
para um fantástico dinamismo cerebral, que sempre surpreende e se re nov a. O cérebro
humano, pois, sempre opera como um todo
22
e a formação humana é, em boa parte,
devedora da capacidade de integrarmos as di f er en te s dimensões da formação. Tamanha a
21 E m Aprender a ser: cuidado com a vida e sent i do do ser, faço uma análise pormenorizada deste texto e tematizo este
encontro, aprese nt and o 33 passos para a busca do sentido, que podem também ser tomados como passos do
desenvolvimento da inteligência cultural.
22 M i g u el NICOLELIS, O verdadeiro criador de tudo, p.19.
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maravilha da criação. Somos sempre e a cada momento seres únicos, indivisos, dignos e
livres.
De um lado, o ser hu mano, este ser inquieto e inacabado t e m dentro de si a semente
divina da admi raç ão, da curiosidade, do encantamento, da reve n ci a, da empatia, da
compaixão, do amor; e, de outro, o mundo, o cosmos e o próprio ser humano mostram
sinais de um universo de mistérios desconhecidos, pront os para a surpresa, o assombro, o
estupor, a fascinação, o maravilhamento. Como bem disse São Paulo, a criação inteira
geme e sofre as dores do parto até o presente. E não s ome nt e ela. Mas também nós, que
temos as primícias do Espírito (Rm 8,22-23). Estamos, pois, em um movimento constante
de f orm ação integral, por meio da qual nossa salvação se torna objeto de esperança. Um
movimento formativo intencional, hoje, tem o desafio de trab alhar com a integralidade da
inteligência, ou seja, congregando em um mesmo processo formativo as dimensões
intelectual, e moc ion al, social, e s pi rit u al e cult u ral. E, assi m como ao especialista, Jesus nos
dirá: Faça isso e viverá (Lc 10,28).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BALBINOT, Rodinei. Educação e Gestão em Transcendência. São Paulo: FTD, 2018.
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inteligente. 2ed. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2012.
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Janeiro: Best S el le r, 2012.
NICOLELIS, Miguel. O verdadeiro criador de tudo. São Paulo: Planeta, 2020.
THOMAS, Dav id C. e INKSON, Ke r r. Inteligência cultural. Instrumentos para negócios globais. Rio
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ZOHAR, Danah e MAR SH A L L, Ian. Inte ligência espiritu al. QS: Apre nda a desenv olv er a
inteligência que faz a diferença. Rio de Janeiro: Viva Livros: 2012.
BALBINOT, Rodinei.
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