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LEITURA BÍBLICA SOB A
ÓTICA DA MULHER
espiritualidade e
empoderamento das mulheres
BIBLE READING FROM THE
PERSPECTIVE OF WOMEN
spirituality and
women's empowerment
Simone Furquim Guimarães*
Luísa de Lucas**
Resumo: Este texto é resultado da experiência de reflexão bíblica sobre as
mulheres do Primeiro Testamento, organizado pela Itepa Faculdades, através
da plataforma Google meet. O curso, que teve a duração de quinze encontros,
foi conduzido seguindo a metodologia da leitura popular da Bíblia na ótica de
gênero. O presente texto possui como objetivo partilhar impressões, e
constatar através das manifestações, depoimentos e escritos das mulheres
envolvidas no curso, o progressivo processo de empoderamento pessoal e do
grupo. Reafirmamos nossa fidelidade a Deus que através da Palavra se fez
carne segundo as Escrituras para salvar/libertar todas as pessoas que estão
nas periferias, no ocultamente, sem palavra, excluídas da sociedade e que na
sua grande maioria, são mulheres sem voz e sem vez.
Palavras-chave: Mulheres. Experiências. Desconstruções. Descobertas.
Leitura bíblica. Teologia feminista.
Abstract: This text is the result of an experience of biblical reflection on
women of the First Testament, organized by Itepa College, through the
Google meet platform. The course, which lasted fifteen meetings, was
conducted following the methodology of popular reading of the Bible from a
gender perspective. The present text has as objective to share impressions, and
to verify through the manifestations, testimonies and writings of the women
involved in the course, the progressive process of personal and group
empowerment. We reaffirm our fidelity to God who through the Word was
made flesh "according to the Scriptures" to save/liberate all the people who are
on the outskirts, in the hidden, 'without a word', excluded from society and the
vast majority of whom are women without voice and no time.
Keywords: Women. Feminist Theology. Gender. Liberation Theology.
History. Interreligious dialogue.
v. 38, n. 131, Passo Fundo,
p. 114-123, Jul./Dez./2021,
ISSN on-line: 2763-5201
DOI:https://doi.org/10.52451/teopraxis.v38i131.63
* Simone Furquim Guimarães, leiga, teóloga,
especialista em assessoria bíblica pelo CEBI/
EST; mestre em teologia pela EST; assessora e
coordenadora do Cebi Planalto Central.
E-mail:
simone_furquim_guimaraes@yahoo.com.br
https://orcid.org/0000-0003-4743-2399
** Luísa de Lucas é religiosa das Irmãs de
Notre Dame; pedagoga; mestra em Teologia
pela PUCRS.
E-mail: marialuisa@notredame.org.br
https://orcid.org/0000-0003-1629-6814
Recebido em 28/04/21
Aprovado em 12/08/21
115
INTRODUÇÃO
Qual a mulher que, tendo dez dracmas e perder uma, o acende ampada, varre a casa e
procura cuidadosamente até encontrá-la? E encontrando-a, convoca as amigas e vizinhas, e
diz: Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma que havia perdido! (Lc 15,8-9).
Inicia-se o ano de 2021. Um ano que vem assinalado desde março de 2020 pela
Covid-19 e todas as suas consequências, trazendo infinitas dores e sofrimentos. Dentre esses
sofrimentos e dores, as mulheres são as mais afetadas, especialmente pelo aumento da
violência, tanto no âmbito doméstico como no social com o aumento da fome, miséria, falta
de políticas públicas que atendam às necessidades básicas do ser humano. De diferentes
formas também em vários setores da sociedade, acende-se a chama da resistência e da luta
por justiça e solidariedade. Esta chama se traduz nos inúmeros despertares de movimentos,
de círculos de homens e mulheres que se reúnem, mesmo que virtualmente, para construir
redes de apoio e solidariedade.
Diferentes experiências, nos espaços e âmbitos das igrejas, entidades, e organismos da
sociedade organizada, surgiram neste contexto de pandemia objetivando manter unidos os
seus integrantes e buscando ajudar as pessoas a manter-se fiéis e resistentes nos valores do
Reino de Deus. As experiências que buscamos tematizar em relação ao curso Mulheres na
Bíblia no Primeiro Testamento, promovido pela Itepa Faculdade
1
, se inscreve como uma
destas experiências dentro desse universo. Nesta direção, insta observar que a Igreja, através
de seus vários organismos, possui uma bonita caminhada da leitura popular da Bíblia. Neste
caso em particular o apoio e as contribuições fecundas advindos dos materiais
produzidos pelo Cebi
2
.
Tendo por objetivo construir uma ponte hermenêutica entre o tempo do escrito
bíblico e o momento da leitura hoje da Palavra de Deus, e como finalidade recuperar sua
força recriadora de vida na prática pastoral e na vivência humano-cristã cotidiana,
constatou-se, no decorrer do curso, por meio deste método de contextualização histórico e
sociológico, a desconstrução do que foi instituído à séculos. Esta desconstrução acontece por
meio da desconfiança que, posteriormente gera a reconstrução e em especial nas trocas
interpessoais. O empoderamento do grupo e das mulheres de hoje, de alguma forma, se
concretizou. Este processo foi possível através deste método, como dito, de interpretação
bíblica próprio que visa uma leitura sob a ótica da mulher: trata-se de um método utilizado
no Cebi e chamado de Leitura Popular da Bíblia.
Para o que segue, o texto encontra-se assim estruturado. Em um primeiro momento
retomamos a importância do método da leitura popular da Bíblia da maneira como foi
proposto pelo Cebi e vivenciado no curso. No segundo momento, serão expostas e
contextualizadas algumas abordagens bíblicas que foram objeto de análise e estudo durante
o desenvolvimento do curso e, posteriormente refletidos em forma de trabalhos escritos por
algumas cursistas. No terceiro e último, realçamos como a leitura interpretativa na ótica de
gênero contribui para a valorização e reconstrução da dignidade e o empoderamento das
mulheres.
1 MÉTODO DA LEITURA POPULAR DA BÍBLIA
É importante assinalar que, no ano em que se celebra o centenário de Paulo Freire, a
Leitura Popular da Bíblia tem seu berço e fonte na educação popular, inspirada nas teorias e
1 http://itepa.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Projeto-mulheres-na-biblia.pdf
2 Cebi Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos.
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
Leitura bíblica sob a ótica da mulher: espiritualidade e empoderamento das mulheres
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práticas ensinadas por esse memorável educador. O método da leitura popular da Bíblia
3
possui uma trajetória de longo tempo e foi utilizado em muitos grupos das comunidades
eclesiais de base, estando assegurada sua credibilidade no universo bíblico. Entre alguns
autores encontramos Frei Carlos Mesters, Ildo Bonh Gass e Elaine G. Neuenfeldt, entre outros.
Frei Carlos Mesters, frade carmelita e um dos fundadores do Cebi, explica que: Deus
fala hoje na Bíblia quando lemos na comunidade, em nossa realidade. Por isso, é importante
escutar a Deus não somente na Bíblia, mas em comunidade e na realidade. É uma dinâmica
que não termina nunca
4
.
E essa dinâmica contínua de Vida e Bíblia, Bíblia e Vida, possibilita ampliar nosso
olhar para as diversidades dimensões da vida. Nasce então a Leitura Bíblica na ótica da
negritude, na ótica das juventudes, na questão dos grupos LGBTQIA+, na questão sócio-
ambiental e na ótica da mulher; também conhecida como Leitura Feminista da Bíblia.
Conforme visto, o primeiro passo deste método é colocar a vida em primeiro lugar,
qual seja a partir do cotidiano da vida das pessoas daquele tempo e fazer memória da nossa
vida e da vida das mulheres de nossa realidade. Partir da experiência significa problematizar
a realidade que muitas mulheres viveram e vivem. Não podemos somente aceitar o motivo
da realidade dada, devemos questionar. O segundo passo é fazer a leitura bíblica
questionando e suspeitando de textos, especialmente os que são violentos com as mulheres.
Textos que foram claramente interpretados de forma a silenciar e culpabilizar as mulheres.
No passo da suspeita, é possível fazer perguntas pela presença ou ausência de mulheres e
como sua memória foi silenciada ou valorizada tanto por parte da hierarquia de poder
(eclesiástica ou não), quanto por grupos marginalizados por essa hierarquia.
No terceiro passo: passo da desconstrução, na parábola da mulher que procura a
moeda, nos ajudou a compreender o método da leitura bíblica na ótica da mulher (Lc 15,8-9).
Aprendemos a acender nossas candeias, varrer e tirar toda a poeira histórica e do sistema
patriarcal
5
que impediu de enxergarmos o protagonismo das mulheres e a manifestação de
Deus através das mulheres na Bíblia e de nossa realidade e na história da humanidade. A
nossa vassoura são os instrumentais de análise da exegese bíblica, dentre eles, o estudo do
contexto sócio histórico e dos gêneros literários. Esta ciência bíblica é respaldada pela Igreja
e nos ajuda a amadurecer a nossa , conforme o documento do Concílio Vaticano II (DV 12).
Quando, finalmente, a mulher encontra a moeda, ela celebra com as amigas e
vizinhas. Este é o quarto passo: passo da reconstrução do texto. São as descobertas, o tomar
conhecimento, o empoderamento das mulheres, o reconhecimento de seu potencial
humano e da importância de construir redes de proteção e de sororidade
6
que nos faz
celebrar e festejar.
3 Artigo publicado no site do Cebi Nacional: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/sobre-leitura-popular-da-biblia-
parte-i/ Acesso em 01/09/2021.
4 Artigo publicado no site do Cebi Nacional: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/sobre-leitura-popular-da-biblia-
parte-i/ Acesso em 01/09/2021.
5 Artigo publicado no site Catarinas: Quando falamos de patriarcalismo, do que estamos falando? Estamos falando de
um modo de entender o mundo, as pessoas, Deus, e as relações entre as pessoas e a relação das pessoas com Deus, a
partir do masculino. Não um masculino amoroso, cuidadoso, solidário, igualitário. Um masculino que é patriarca,
pater famílias, pai-chefe, pai-dono, dominante, que exerce o mando sobre a esposa, os filhos, as filhas, a casa, a
sociedade, o mundo. Um masculino a partir do qual todas as coisas e todas as relações no entorno se organizam. Neste
tipo de compreensão, o feminino, a mulher, não está no mesmo vel que o masculino, que o homem; está num nível
inferior. Sua importância, seu valor são secundários; portanto ela lhe é subalterna e lhe deve obediência. Esta é a
estrutura do pensamento patriarcal. Ele cria diferenças entre as pessoas baseadas no sexo para inferiorizar o feminino e
afirmar o masculino como superior (cf. Lusmarina Campos Garcia, pastora luterana). Vide in: https://catarinas.info/
seja-feita-a-tua-vontade-mulher/?
fbclid=IwAR1raFudEKot6p6jQhFU0kri6tYUAIVvKV524AD39BZVYVxelXYhLjU84Lk. Acesso em 01/09/21.
6 Sororidade es etimologicamente ligada à palavra sóror, que em espanhol significa irmã, mas não a irmã de sangue somente,
mas uma aliança com todas as mulheres que se encontram em uma determinada condição. É relação soliria entre humanos,
formando rede de los sociais que se transformam em foa e resistência, diante das situações adversas, opressoras, violentas
(cf. Verbete do Dicionário de Cultura de paz, volumes 1 e 2. (Orgs.) Paulo sar Nodari e Luis Síveres).
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
Leitura bíblica sob a ótica da mulher: espiritualidade e empoderamento das mulheres
Revista Teopxis,
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E foi assim que seguimos a cada encontro para estudo dos textos bíblicos. Em síntese,
seguimos cada encontro partilhando a vida, suspeitando das violências que muitas vezes são
aceitas nos textos bíblicos, desconstruindo essas interpretações com a ajuda das ciências
bíblicas e reconstruindo os textos. Processo que ajuda a encontrar caminhos de superação
das violências, bem como momento de alimentar nossa espiritualidade cristã. Fortalecer e
empoderar mulheres a partir dessas descobertas e conscientizações de seu protagonismo na
história humana.
O curso bíblico oportunizou uma visão mais aprofundada e crítica na releitura dos
textos bíblicos. Para as cursistas, Ir. Neusa L. Luiz e Noeli Lacerda
7
:
Reconstruir a história do povo de Israel a partir da ótica da mulher, nos ajuda a
compreender o importante papel da mulher na história da salvação. Cada uma,
em seu tempo, ocupou seu espaço com criatividade e coragem, na certeza que
Deus libertador caminha com seu povo. A ação dessas mulheres foi tão forte, não
sendo possível silenciar e invisibilizar por completo seu protagonismo, pois
negar a participação e ação dessas mulheres seria negar a própria história de vida
e libertação do povo.
As cursistas Geni Maria Onzi Isoppo, Maria Izelda Frizzo e Marisa Virgínea Formolo
Dalavechia disseram que:
Ao longo do curso percebemos que numa sociedade patriarcal, onde o poder é
centrado no homem, a mulher fica excluída de qualquer participação e se
dependente do homem (do pai, do irmão, do marido e do próprio filho). Nesta
perspectiva, cabe-nos buscar entre tantas personagens, aquelas mulheres que
fizeram diferença na história do povo hebreu, tentando desvelar a discreta
Palavra de Deus que nos mostra a libertação.
E acrescentaram que o desafio é conhecer melhor a história de tantas mulheres
nomeadas ou anônimas, marginalizadas e discriminadas, que lutaram, resistiram tendo em
comum uma convicção profunda alimentada por sua . No próximo item iremos, então,
expor algumas falas do grupo de cursistas que nos enviaram suas reflexões sobre o curso e
sobre o protagonismo de algumas mulheres do Primeiro Testamento.
2 PROTAGONISMO DAS MULHERES NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
A teologia feminista é uma área de pesquisa acadêmica que tem crescido com rapidez
e pretende refutar a interpretação fundamentalista da Bíblia, ressignificar os textos
bíblicos à luz dos avanços sociais e dos avanços conquistados pelas mulheres, prega uma
interpretação sociológica das escrituras em detrimento de uma leitura literal e
fundamentalista e uma leitura humanitária da Bíblia
8
. A Teologia Feminista representa
um desafio radical ao modo como se organizou a religião cristã na Igreja Católica, uma vez
que a doutrina e a Bíblia foram desenvolvidas num ambiente patriarcal. feministas que
acreditam ser possível resgatar a Bíblia do patriarcado e que vale a penas resgatá-la. Mas,
esse resgate passa pela mudança doutrinária.
Em seus escritos Ivone Gebara sugere que é preciso desafiar as leituras
fundamentalistas e patriarcais da Bíblia e adotar uma hermenêutica da suspeita
9
. Essa
7 Aqui faremos uma síntese de poucos trabalhos enviados, pois o espo não conseguiria abarcar todas as
riquezas partilhadas.
8 T. MATOS, O que é a 'teologia feminista' e como ela está mudando a vida das cristãs. Huf Post Brasil. 01 jul. 2017.
Disponível em: < https://bit.ly/2zBXAmG>. Acesso em 12 set. 2021.
9 I. GEBARA, Ivone Gebara: teóloga, católica e freira feminista. 11 maio 2017. Disponível em <https://bit.ly/2FI0WnY>.
Acesso em: 12 set. 2021.
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
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hermenêutica da suspeita feminista é feita usando a teoria do patriarcado como moldura e a
experiência feminina como lente, em relação a todo sistema conhecido de pensamento;
criticar todas as suposições, ordenar valores e definições.
A partir da experiência realizada com o curso Mulheres na Bíblia, para Geni et al, a
Bíblia interpretada pelo povo revela a presença libertadora de Deus na vida, nos fatos, na
luta e na caminhada de homens e mulheres. É a Boa Nova que nutre a esperança. A Sagrada
Escritura, a partir das experiências do povo, de tantas comunidades, de mulheres vai
explicitando o protagonismo das pessoas e a capacidade renovadora e transformadora da
Palavra de Deus.
Em seu livro, Conceição Evangelista
10
informa que recuperar a memória histórica
dessas mulheres nomeadas ou anônimas que nos precederam na fé, no serviço e no
compromisso com seu povo é contribuir para escrever uma nova história da salvação
construída sobre novas relações sociais igualitárias.
No Livro Pilares da Igreja, Geraldo Lopes
11
afirma que:
Desde o início da criação o projeto de Deus foi salvar a humanidade com igual
contribuição do homem e da mulher, portanto, ambos têm dignidade e uma
missão diante da crião e história da salvação. Em nenhum momento se encontra
que a mulher é inferior ao homem. A mulher é criada igualmente ao sexo
masculino, com uma participação divina de ser geradora e cuidadora da vida.
As cursistas lembram que dentre as mulheres que marcaram essa história da salvação,
no Primeiro Testamento, temos as matriarcas Sara e Agar, mesmo que silenciadas,
construíram uma linda história na promoção e defesa da vida. Destaque aqui para Agar, que
apesar das opressões sofridas por ser mulher, estrangeira e escrava, foi forte e corajosa e
encontra em Deus as respostas para suas angústias e percebe que a Aliança de Deus com seu
povo é mais importante e, com força e coragem, assume seu papel na história.
Geni et al trazem a reflexão para nossa realidade, lembrando quantas mulheres hoje,
nas condições de Agar, encontram dentro de si a força e a coragem de romper com a
dominação de seus maridos, seus chefes e conseguem se libertar, tornando-se donas de suas
vontades, independentes financeiramente e passam a cuidar sozinhas de seus filhos!
Elas lembram também que no livro do Êxodo, conhecemos as parteiras Fua e Séfora,
fiéis a Javé e ao povo. Defendem a vida contra a ordem do Faraó. Conhecemos também
Mirian, que traça o futuro da história salvando o irmão Moisés que acaba sendo poupado da
morte e criado pela filha do Faraó. O verdadeiro dono da vida não é o Faraó, mas sim
aquelas mulheres que estão em sintonia com Deus, porque resgatam e preservam a vida. No
capítulo 15, percebemos no canto de Mirian, a presença feminina na organização e fuga do
povo hebreu escravizado no Egito. O canto expressa a alegria de celebrar a vitória e o
caminho da libertação.
Conforme a autora Maria Cecilia Domezi
12
:
Temos que buscar na Bíblia também o que Deus fala a partir das mulheres. São
mulheres de inabalável em Deus libertador, corajosas em ajudar o seu povo.
Suas histórias foram passando de boca em boca se tornaram parte da Bíblia; em
importantes pedaços ou nas entrelinhas dos textos contadas só por homens.
10 Conceição EVANGELISTA, O papel da mulher no Cristianismo primitivo a partir da Samaritana, p.7.
11 Cf. Geraldo LOPES, Pilares da Igreja: o papel da mulher na história da Salvação, p.32.
12 Maria Cecília DOMEZI, Mulheres que tocam o coração de Deus, p.13.
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
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Geni et al dizem que em todas as épocas, surgem mulheres valorosas que se lançam
nas lutas cotidianas em busca de libertação. Algumas são lembradas por seus feitos e
recebem homenagens, outras (a maioria), nem são percebidas. Em todos os tempos, vemos
mulheres que lutam, que trabalham, que sofrem, mas que também sabem celebrar cada
momento de glória, cada degrau que conseguem subir, cada conquista.
Elas lembram que no livro de Juízes 4 e 5, Débora nos aparece como uma liderança no
meio de seu povo. Tinha a seu favor o senso de justiça e sabedoria nos seus conselhos.
Débora tem sua força reconhecida quando Barac pede sua ajuda. Ela e Jael (também
protagonista) lideram os homens armados de Israel e derrotam o inimigo.
Débora é a mulher que, acima de tudo, confia em Javé. Acreditando em si mesma
e na força do povo unido, ela acorda as tribos, convoca-as, ajuda-as a se
organizarem e chama as pessoas para a responsabilidade a partir de sua fé. Ela
também canta a vitória de Deus na vitória dos camponeses de Israel
13
.
As cursistas compreenderam que, assim como Débora, muitas mulheres hoje se
destacam na política, nos sindicatos, nas pastorais, nas escolas, nos hospitais, nos serviços
comunitários, nas ONGs, no voluntariado. Todas movidas pelo desejo de construir um
mundo melhor, livre da exploração, do preconceito, e da violência.
Outra protagonista importante considerada pelas cursistas foi Judite. Disseram que o
livro de Judite nos revela a lucidez e a coragem de uma mulher que exorta os anciãos a
serem fiéis aos mandamentos e a confiarem no plano de seu Deus. Judite utilizou de sua
inteligência para chamar a atenção deles e mostrar-lhes que não estavam sendo corretos
com Deus. Ressaltamos uma fala de Judite diante do povo, sacerdotes e anciãos. No capítulo
8,32, ela diz: Escutai-me bem. Farei algo cuja lembrança se transmitirá aos filhos de nossa
raça, de geração em geração.
Geni et al comenta que Judite espelha a mulher que se levanta, resiste e luta para
salvar o seu povo. Quantas mulheres hoje se dedicam ao bem comum da justiça, à
coletividade e à dignidade humana, aos movimentos sociais por habitação, educação e
saúde. Essas mulheres não fogem da luta. Fazemos memória a Margarida Alves, Marielle
Franco, Irmã Dorothy Stang e outras mais.
Momento forte no estudo bíblico foi entender que o poder, a corrupção e a violência,
presentes no patriarcado estão constantes nos relatos da Bíblia, vitimiza as mulheres, os
pobres e os fracos e são ainda hoje uma ferida aberta nas sociedades. Percebemos as relações
de poder violento contra Tamar, em Gênesis 38, que, para alcançar o seu direito de esposa
precisou lembrar a Judá que existe uma lei de Deus que preserva os direitos da mulher. É a
lei do Levirato
14
. Também desafiador foi o protagonismo de Noemi e Rute. O livro de Rute é
uma crítica contra as elites que estavam tomando terra dos pequenos camponeses e esquecendo-
se da Lei do Resgate
15
. Assim, por trás das histórias de Tamar, Noemi e Rute, percebemos
que mulheres israelitas têm um forte protagonismo de resistência e luta por seus direitos.
Na profecia, temos o papel de Samuel, em seu livro, que também foi de denunciar as
violências contra as mulheres; sobretudo, a violência doméstica, o estupro que ocorreu na
própria casa do rei Davi. Dentre as várias mulheres (concubinas, mulheres do harém)
vítimas de estupros, destacamos Betsaida e depois Tamar, a própria filha do rei:
13 Maria Cecília DOMEZI, Mulheres que tocam o coração de Deus, p.14.
14 Lei do Levirato (ou do cunhado): que impõe o dever de casar com a viúva do irmão falecido. E o filho que nascer deve
ser considerado filho não dele, mas do irmão falecido para garantir a posteridade e o nome da família (Dt 25,5-10).
15 Lei do Resgate: o parente mais próximo tem a obrigação de resgatar a terra, não para si, mas para o parente pobre que
corria o perigo de perde-la (Lv 25,23-25). O parente que resgata passa a se chamar Go´el.
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
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Davi enviou emissários que a trouxessem [Betsaída, esposa de Urias]
16
. Ela
veio a ter com ele, e ele deitou-se com ela, que tinha acabado de se purificar de
suas regras. Depois ela voltou para sua casa. A mulher concebeu e mandou dizer
a Davi: Eu estou grávida (cf. 2Sm 11,4). Ela lhe deu um filho. Mas a ação que
Davi praticara desagradou a Iahweh (cf. 2Sm 11,27b).
Ele [Amnom, filho de Davi], porém, não quis ouvi-la [Tamar, filha de Davi];
dominou-a e com violência deitou-se com ela. (2Sm 13,14).
Elaine Neuenfeldt faz uma crítica importante no texto de 2Sm 13:
A violência sexual acontece no âmbito da casa, entre pessoas com ligações
familiares. O perpetrador de um ato violento não é alguém desconhecido, que se
esconde em lugares escuros e isolados, e atacam as mulheres que saem sozinhas.
Mas, conforme dados em todo o mundo e em diferentes culturas, na maioria das
vezes, o estuprador é alguém que conhece a vítima, que sabe de seus passos, que
a observa e a deseja, ou a inveja
17
.
Importante considerar também que as interpretações e comentários bíblicos
costumam somente mostrar o texto como briga entre irmãos (Absalão e Amnon) e sempre
ocultou o que está gritante no texto: a violência contra Tamar. Alice L. Laffey
18
diz que:
Na medida em que esse texto é interpretado, quer do ponto de vista histórico,
quer do ponto de vista literário, o horror da vitimação das mulheres é
banalizado. Os exegetas se apressam em mostrar como o estupro é vingado
Absalão mais tarde mata Amnon. Essa justificação, porém, não faze com que
Tamar seja menos vítima.
Como bem apontam Geni et al, é importante aqui lembrar que as leituras bíblicas que
mostram ações violentas contra as mulheres, como vistas acima, por exemplo, não são
temas comuns nas igrejas. De forma velada, essas leituras muitas vezes passam
despercebidas pelos fiéis cristãos e cristãs. Em contrapartida é comum assistir
comportamentos violentos dos homens contra as mulheres, tanto no ambiente doméstico
como no público. E estes comportamentos são muitas vezes inspirados no modelo viril e
brutal dos reis e homens da corte dos reis da Bíblia, e o pior, são muitas vezes legitimados
como Palavra de Deus.
Uma das saídas apontadas pelas cursistas é dar sentido e significado à Palavra de Deus,
que é de amor e de libertação. Mas como fazê-lo? Comecemos empoderando as mulheres. E
esse empoderamento parte da consciência de que devemos ir rompendo, mesmo que aos
poucos, o patriarcado que naturalizou interpretações como as mencionadas acima e que
legitimou as violências contra as mulheres e a sua invisibilização no protagonismo da
história humana.
A partir da conscientização de ser sujeito (grupo) histórico oprimido, e também
participante de uma comunidade de , a mulher adquire voz própria para nomear e
transmitir sua experiência de fé. Como nos diz Ana Maria Tepedino
19
: É a própria
tomada de consciência desta injustiça, que as leva a romper as barreiras que lhe são
impostas, a enfrentar com coragem as dificuldades para ter voz e vez. E, segundo o
educador Paulo Freire (1990),
16 Grifo nosso para esclarecer quem são os personagens.
17 Elaine G. NEUENFELDT, As mulheres e a violência sexista. RIBLA 41. São Paulo: Vozes, 2002.
18 Alice L. LAFFEY, Introdução ao Antigo Testamento: perspectiva feminista. São Paulo: Paulus, 1994.
19 Ana Maria TEPEDINO & Margarida L. R. BRANDÃO, A força mutante das mulheres: paixão e compaixão. In:
BRANDÃO, M. L. R. (org.) Teologia na ótica da mulher, p.9.
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
Leitura bíblica sob a ótica da mulher: espiritualidade e empoderamento das mulheres
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O processo de conscientização significa em aprender a nomear, romper silêncios
e a mudar a si mesmo e sua situação. Este nomear implica passar por um
processo de reviravolta de caminhos, saindo da injustiça para justiça. É um
processo no qual a pessoa se torna autocrítica a respeito de sua própria história e
do contexto a sua volta. É capaz de nomear a própria existência, ou seja, é capaz
de ler o mundo
20
.
3 EMPODERAMENTO DAS MULHERES
Nesse processo de ler o mundo, aprendemos o significado e sentido sobre empoderar/
empoderamento. Empoderamento
21
é conquistar mais liberdade, é ter autonomia, é ser capaz
de decidir o que você quer e como quer. As mulheres se tornam empoderadas quando investem
em conhecimento e educação; quando ocupam espaço de poder e decisão, por exemplo.
Neste aspecto, podemos citar bons exemplos de empoderamento que se desenvolveu a
partir das reflees das cursistas. Neusa e Noeli disseram que a leitura bíblica na ótica da
mulher e na perspectiva dos pobres, das excldas e dos excluídos, de ontem e de hoje,
ampliou o olhar para a situação do sofrimento e violência contra as mulheres. A leitura e
oração, confrontadas com as ões, desafiam-nos a continuar lutando para superar os limbos
ainda presentes dentro de nossos próprios lares e alargando em nosso entorno. Somos
desafiadas a conquistar mais mulheres para que saiam de sua rotina de conformismo e
vitimismo, ir ao encontro das mulheres silenciadas pela dor, pelo medo, pelos preconceitos de
dependências de seus companheiros, para que venham para a reflexão e para novas ações.
Juntas, precisamos conquistar mais espos nos ambientes de trabalho, na Igreja, na política e
nos cargos de lideranças. Somos desafiadas a encontrar a moeda perdida de nossos valores e
potencial. Vamos seguir conquistando espaços e provando nossa capacidade, até o dia queo
mais precisar provar que somos capazes, mas simplesmente respeitadas por sermos mulheres.
Segundo Geni, Maria Izelda e Marisa, a Igreja seria lugar para empoderar as mulheres
se nela estivesse presente o movimento de Jesus, pois aprendemos nos Evangelhos uma
relação de circularidade, de igualdade entre homens e mulheres. Quem nos exclui é o poder
machista e patriarcal. Superar as incoerências entre o que se prega e o que se faz é uma das
exigências transformadora da humanidade.
A Igreja precisa se humanizar e incluir as mulheres nas lideranças de poder. É o que
defende o Papa Francisco. No vídeo divulgado pelo site Vatican News, em outubro de
2020
22
, ele disse: Devemos promover a integração das mulheres em lugares onde são
tomadas decisões importantes. No documento: Querida Amazônia, produzido a partir do
Sínodo, o Pontífice escreve que:
Muitas mulheres, impelidas pelo Espírito Santo, mantêm a Igreja de pé, em muitas
partes do mundo, com admirável dedicação e fervorosa fé. É fundamental que
participem cada vez mais em suas instâncias de decisão. Isso exige uma mudança
profunda de mentalidade, exige a nossa conversão, que implica oração (QA).
CONCLUSÃO
Este texto mais narrativo do que argumentativo é fruto coletivo de mulheres e
homens que expressam à vontade e fidelidade de seguir melhor o caminho de Jesus. Foi Ele
que testemunho um discipulado de iguais entre homens e mulheres, superando judeus ou
20 Paulo FREIRE e Donaldo MACEDO, Alfabetização: leitura do mundo leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e terra,1990.
21 Conceito extraído do vídeo intitulado Empoderamento das mulheres, produzido pela ONU Mulheres (cf. https://
youtu.be/6RSc_XYezi), acessado em 26/05/21.
22 https://youtu.be/FjHFjtV9P4Q
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
Leitura bíblica sob a ótica da mulher: espiritualidade e empoderamento das mulheres
Revista Teopxis,
Passo Fundo, v.38, n.131, p.114-123, Jul./Dez./2021. ISSN on-line: 2763-5201.
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gregos, classes e gênero (Gl 3,28). Jesus, por meio da parábola da mulher que procura a
moeda perdida nos inspira sempre a ler a Bíblia seguindo o método desta mulher: ela varre a
casa para encontrar, por baixo da crosta de poeira, uma coisa de muito valor. O curso
também alcançou este propósito. Por baixo da crosta de poeira das leituras e interpretações
dos textos bíblicos, revelou-se uma coisa de muito valor para nós mulheres: encontramos o
protagonismo das mulheres na Bíblia e também na nossa vida. A partir daí, nos
encantamos, nomeamos, demos vozes às mulheres do passado e de hoje.
Outras mulheres e homens feministas nos ajudaram nessa empreitada. São teólogas/
os e biblistas que estão a frente dessa leitura bíblica na ótica da mulher a muito mais tempo.
Desse modo, o método da leitura bíblica na ótica da mulher foi de justamente tentar superar
este silêncio e ousar abrir a boca, falar, denunciar violências, anunciar a vida de corpos que
buscam, de corpos que anseiam vida, e vida digna. Nas ações de buscar e encontrar,
descobrimos a necessidade de nós mulheres nos empoderar. Aprendemos que empoderar é
tomar consciência de nossa história, nosso contexto, é ter conhecimento.
Nesse processo de empoderar, Geni et al demonstraram essa tomada de consciência da
necessidade de um estudo científico da Bíblia, que está respaldado pela nossa igreja. Elas
dizem que uma das saídas é incentivar cada vez mais círculos bíblicos na ótica da mulher.
Conhecer o percurso de elaboração da Bíblia e os papéis femininos presentes nela nos ajuda
a compreendê-la um pouco mais.
Em sua conclusão de trabalho, Marlise Ritter nos exorta a refletir e se espelhar na
protagonista bíblica, Rute:
Rute protagoniza que a libertação é possível, que é necessário se colocar a
caminho, não desistir nunca dos sonhos, reconstruir a identidade, descobrir
maneiras de encurtar distâncias e dialogar com o diferente, buscar os direitos e
viver intensamente. Nos ensina a importância de não estar sozinha, se colocar no
caminho com outras mulheres, pois uma é espelho da outra, uma se encontra na
outra, no diálogo, na sabedoria, na partilha. Juntas encontram o melhor lugar, o
melhor momento de se fazerem presentes na hisria e de fazerem a diferença. Elas
o esperaram e nem lamentaram, foram à luta, se tornaram visíveis e protagonistas.
Geni et al nos provocam a pensar:
O que, afinal, a Bíblia expressa para gente? A Bíblia é a história do povo de Deus.
Nela, Deus se manifesta. Está claro que o texto bíblico está num contexto de uma
sociedade altamente patriarcal. Ela expressa a vida no seu contexto. O
patriarcado não vem da revelação. É necessário interpretar a mensagem de Deus
e o que é roupagem contextual histórica. Nessa roupagem histórica estamos
ainda sofrendo as desigualdades geradas pelo patriarcado, expresso nos textos
bíblicos e assumido pela Igreja.
As mulheres na Bíblia têm muito a nos ensinar. É preciso partir, anular fronteiras,
derrubar as cercas, rasgar os horizontes fechados do racismo e abrir caminhos novos de
esperança com os pobres do mundo inteiro. Foi essa a práxis que as matriarcas e tantas
heroínas bíblicas vivenciaram, dinâmica de toda existência feminina.
Encerramos o curso e o presente artigo com um envio de esperançar de uma mulher
que já percorreu muito esse caminho (método) e pode nos animar a prosseguir:
Cada vez que olho para a vassoura, ela me cochicha: Paciência! Teimosia!
Muitas coisas não foram perdidas para sempre! Saíram apenas da nossa vista,
foram esquecidas ou estão bem escondidas que um trabalho danado para
encontrá-las de novo. Mas esse trabalho vale a pena! Lembra-te daquelas três
parábolas sobre algo que foi perdido na do meio, a mulher que varre a casa,
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
Leitura bíblica sob a ótica da mulher: espiritualidade e empoderamento das mulheres
Revista Teopxis,
Passo Fundo, v.38, n.131, p.114-123, Jul./Dez./2021. ISSN on-line: 2763-5201.
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pacientemente, para encontrar a moeda perdida, é um símbolo da própria
divindade! Não desistas de exercer a qualidade divina dentro de ti, procurando
conhecimentos acerca do mundo e de sua história, sobretudo da história das
mulheres e da história das ideias sobre a divindade!
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Vídeo: https://youtu.be/6RSc_XYezi), acessado ONU Mulheres, em 26/05/2021.
23 Artigo de Mônica OTTERMANN: Gênero e Bíblia: uma ciranda sem im, p.19-28.
GUIMARÃES, Simone Furquim; DE LUCAS, Luísa
Leitura bíblica sob a ótica da mulher: espiritualidade e empoderamento das mulheres
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Passo Fundo, v.38, n.131, p.114-123, Jul./Dez./2021. ISSN on-line: 2763-5201.