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Primeiramente, no âmbito do ver/escutar, propõe-se que se deve fazer uma escuta
integral, com todo o ser, na busca da totalidade da realidade, a qual está sangrando pelas
consequências da Pandemia causada pelo Covid-19: “Crises como a pandemia da Covid-19
possuem uma força potencializadora do que já existia na sociedade de maneira explícita ou
de forma latente. Por um lado, verificamos imensos avanços tecnológicos, por outro,
percebemos a ampliação da pobreza e da desigualdade social”
40
.
Assim, deve-se colocar a pessoa humana em diálogo no centro de toda discussão,
pois “É próprio de quem é educador o cultivo do espírito de construção de uma nova
realidade que promova a cultura do encontro”
41
. Deste modo, há a possibilidade de
caminhar juntos, unidos.
A perspectiva humanista da educação é despertada, tendo a democracia e a
participação ativa como grandes verdades de um processo maduro de transformação. De
outro lado, diante da realidade técnico-utilitarista faz-se necessárias novas formas de
transformação. Pois, a constatação que se tem é a seguinte:
Uma educação pública inclusiva e de qualidade é condição da justiça social que
ainda carecemos no Brasil. Quando não priorizamos a educação pública no
Brasil, construímos uma dupla defasagem: não enfrentamos uma dívida social
histórica e prolongamos essa situação de injustiça para as próximas gerações”
42
.
Uma educação inclusiva e equitativa de qualidade para todos em todos os níveis da
educação. O objetivo das instituições educativas deve sempre ser: “[...] formar bons e
honestos cidadãos para exercerem a sua profissão com ética e que prezem sempre pela
dignidade da pessoa humana, bem como, possam atuar iluminados pelos valores cristãos”
43
.
Na perspectiva do julgar/discernir a CF 2022 quer compreender os desafios da
realidade educativa com base no grande mestre e educador Jesus Cristo. Historicamente,
percebe-se que, “O encontro fecundo das pessoas consagradas com o mundo da educação
produziu uma tradição pedagógica sábia e eficaz que, à luz do Evangelho, promove a
pessoa humana por meio da escolarização”
44
.
A educação humaniza a pessoa, traz a possibilidade de sua autenticidade. Nessa
perspectiva toma-se a visão cristã de ser humano:
A educação cristã parte da visão positiva e integral do ser humano como ser
responsável por si mesmo e pelo mundo, como ser livre, aberto à transcendência
e culturalmente situado, marcado pela contradição do pecado, mas orientado a
vencê-lo e, eticamente conduzido para a justiça e a fraternidade”
45
.
A Igreja é insistente em colocar a pessoa no centro do processo educativo a partir do
diálogo. “Uma educação que provoca a cultura do diálogo é capaz de identificar e nomear
lugares, situações e ambientes onde a intolerância, a violência e o ódio são disseminados e,
assim, refletir suas causas e buscar soluções para sua superação”
46
.
Uma educação que queira ser integral não pode excluir a dimensão da sabedoria
religiosa, pois esta ligação com Deus faz com o que ser humano torne-se capaz de valores
que humanizam o processo.
40 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.22.
41 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.27.
42 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.32.
43 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.41.
44 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.55.
45 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.56.
46 CNBB, “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), Texto-base CF 2022, p.66.
ERTL, Dom Edgar Xavier; CORDEIRO, Elcio Alcione
Teologia e educação: Relações históricas e aproximações consistentes
Revista Teopráxis,
Passo Fundo, v.39, n.132, p. 6-21, Jan./Jun./2022. ISSN On-line: 2763-5201.